A democracia começa a ser resgatada

Pelo que se vê nas imagens geradas por quem estava na manifestação em favor da democracia, em Brasilia, o grande ganho foi o resgate da bandeira brasileira com o vigor das campanhas das Diretas, Já!

Sem aquela viralatice fascista que exibe o pendão nacional, mas bate continência para o Tio Sam; sem aquela patriotada estadonovista ou integralista, mais mise en scène do que nacionalismo e muito menos o verdeamarelismo original, dos senhores da terra do século XIX, que se achavam legítimos herdeiros dos portugueses, o que já dava ideia do nível de viralatice de quem se achava dono do país porque exportava açúcar, café e tabaco.

Tanto nas diretas quanto hoje, percebe-se o sentimento de brasilidade nas entranhas do movimento, contra aqueles que sempre rosnaram contra a população, enquanto abanavam o rabo para o colonizador.

É o resgate da soberania, da luta pelo estado democrático de direito e mais: um grito pungente contra o racismo que mata negros da periferia, acobertados pelo excludente de ilicitude, este não letra da lei como queria o facinoroso Sérgio Moro, mas legitimado por um sórdido pacto das elites, que tratam uma criança de cinco anos, filho de empregada doméstica, como um boneco de plástico cuja queda do nono andar de um prédio não traz maiores preocupações para essa malta monstruosa.

Manifestações com essa honestidade de propósitos e legitimidade em seus objetivos costumam dar bons frutos, conforme o exemplo de 1984/1985, que, mesmo boicotado por um acordo por cima com os gorilas do poder decadente, rendeu a consolidação de lideranças políticas à esquerda, que dali em diante sempre sombrearam todos os ardis anti povo resultantes daquela fatídica transição transada, finalmente derrotada em 2002.

Depois da infâmia em que constitui-se o golpe de 2016, eis-nos novamente diante de um movimento que tem tudo para empolgar o Brasil e preparar a população não só para derrotar o fascismo, mas, também para evitar a volta do domínio da elite sobre o povo.