Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

domingo, 7 de junho de 2020

De Merquior a Olavo de Carvalho. A decadência teórica do pensamento conservador preparando a ascensão do fascismo



Desde a morte do brilhante teórico liberal José Guilherme Merquior(1941/1991), que a direita brasileira, sem chão, buscava um teórico capaz de enfrentar o debate político/filosófico com a esquerda.

FHC fugiu prematuramente da raia e mandou esquecerem o que escreveu. Optou em ser um reles voleur na política ultrapassando os limites da irresponsabilidade, abafada pelo régio pagamento à mídia que até hoje é grata pelo mimo.

O tempo passou e o vácuo teimando em permanecer à medida que os escolhidos decepcionavam. O gaúcho Denis Rosenfield ainda  tornou-se habituée na Folha Tucana(FSP), pra bater nos governos petistas, mas não emplacou e chafurdou na mesmice do Instituto Millenium e hoje é um simples bolsonarista arrependido.

A angústia e a frustração ensejaram a queda no nível de exigência, fazendo emergir algumas sub celebridades que acabaram pateticamente peidando no foguetório que saudava o rato recém parido pela montanha, consolidando seguidos fiascos e o destempero da ressaca contra o governo extensivo jornalismo decente.

Foi nesse caldo azinhavrado que surgiu Olavo de Carvalho, o místico que discutia qualquer tema, desde que estivesse ao nível da compreensão da geração sertanojo; um bricouleur cuja pensée sauvage não estava sequer à altura do mítico descrito por Lévy-Strauss, mas era o que matava a sede da direita, acumulada em décadas de silêncio forçado.

E assim Olavão virou o guru da geração CtrlC/CtrlV, das baladas embaladas pelo acacianismo enjoativo e burro das duplas sertanejas, um crescente contingente que teve acesso à universidade, em razão da democratização do acesso que governos petistas articularam, mas que a idiotia supôs como conquista pessoal, heroica e intransferível.

De instrução formal medíocre, Olavo tratou de mesclar sandices pseudo teóricas produzidas pelo Tea Party, com historiografia brasileira imprestável, muita audácia na elucubração de tolices, como a terra é plana, e tudo aquilo que supositoriamente era assimilado como uma nova pedagogia, confrontada como anti Paulo Freire.

A fama o desnudou. Tanto quanto o intelectual que provou não ser quanto o humano sombrio, recalcado, carente, que explodia em constantes crises existenciais diante do espelho, causadoras de uma agressividade que em vez de atenção trazia mais solidão e reveses diante de uma sociedade cada vez mais indiferente.

Hoje, quando a dura realidade cobra dele a conta do destempero sem limites em uma sociedade minimamente civilizada, posa de gênio incompreendido, traído pelos amigos e perseguido pela humanidade, conforme o clamor tragicômico nas redes ao seguidor fascista, para que este retribua com atenção e dinheiro seu heroísmo de almirante em batalhas navais épicas travadas em copos com água. Copos descartáveis, ressalte-se.

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