As mazelas do estudo que fez o governador afrouxar o isolamento

 

Com todo respeito aos ilustres integrantes do grupo que produziu o estudo apresentado pela Sespa, intitulado "Redes Neurais Artificiais e Modelagem Matemática nas Previsões Epidemiológicas para os Casos de Infecção por Covid 19", que embasou o governador a suspender o lockdown e admitir "tendência de redução" de casos de morte por covid 19, falta especialidade e sobra generalidade.

Por que o secretário de Ciência e Tecnologia, e não o de Saúde, coordena uma equipe dessas, já que Maneschy é engenheiro mecânico preterindo um médico?

Por que o reitor da UFRA, um agrônomo com doutorado em educação, em vez de alguém da UFPA, onde o secretário de Ciência e Tecnologia tem amplo trânsito?

Essas escolhas insólitas também levam a estranhar-se o porquê da escolha de outro acadêmico da UFRA, lá de Paragominas, sem qualquer dúvida a respeito de sua competência, mas por tratar-se de alguém bastante ativo na campanha bolsonarista à presidência. Será que isto contou?

Enfim, pra não alongar muito, será por isso que o estudo é conclusivo, talvez pela necessidade de amenizar os questionamentos do Ministério Público e Defensoria Pública da União, no entanto suas conclusões apontam que "outras variáveis não previstas podem influenciar nas projeções e no tempo da pandemia", assim como o avanço pelo interior do estado da pandemia e a taxa de isolamento social também podem afetar as previsões.

Será a apologia do dito pelo não dito, casa haja o pior? Mas isso não anula a responsabilidade de apresentar um estudo assertivo, porém, nada conclusivo; e muito menos a da autoridade máxima do estado, que parece ter unido o temerário ao incerto, sucumbido a pressões espúrias de setores movidos à ganância assumindo o ônus de repetir o prefeito de Milão e seu slogan irresponsável que resultou em milhares de mortes naquela cidade italiana e depois pediu desculpas.

Talvez a Universidade Federal do Pará seja obrigada a manifestar-se a fim de não ver seu nome confundido com esse tipo de salto no escuro, dando ciência à população de sua posição a respeito da real situação, tanto que não ainda não cogitou acabar com seu isolamento.