O jornal Diário do Pará traz página e meia alusiva ao Dia Internacional da Mulher. Nenhuma linha ou uma mísera foto em 3x4 a respeito da mulher negra brasileira, símbolo mais evidente dessa opressão machista que caracteriza a sociedade brasileira.
Nem a saudação da deputada Elcione Barbalho, co-proprietária do jornal faz qualquer menção à condição da mulher negra, embora a mensagem da emedebista tenha avançado muito na retórica de cunho social, muito diferente do verificado outrora quando o galanteio era a pièce de résistence nas mensagens de Elcione.
Não sei, não. Mas desconfio que essa é a abordagem adotada no conjunto da mídia brasileira, não apenas no DP. Registro de esforços individuais que deram resultado sócio/econômico, algo relâmpago sobre a violência e muita rasgação de seda, exaltando esse dia de lutas como mera efeméride.
Voltando aqui, ao exemplo paraense, chama a atenção dado fornecido na matéria do DP dando conta que "quase 900 mil mulheres são chefes de família no Estado", proporcionalmente um dos mais elevados índices do país.
Sabe-se que aqui são cerca de um milhão de famílias que recebe o benefício do Bolsa-Família, e que este tem como característica mais marcante talvez o fato de ter como condicionante esse protagonismo feminino na gestão desse benefício.
Pena que o jornal, a imprensa de um modo geral, ignore esse tipo de avanço social que estabelece a parceria entre estado e sociedade na construção inovadora de algo que mesmo passando por processo de desconstrução, terá registro histórico garantido no futuro pelo seu inequívoco caráter revolucionário.
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