Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

segunda-feira, 5 de julho de 2021

‘Nunca mais sem nós’

 


Nesse domingo, 4, uma mulher indígena mapuche foi eleita para presidir a Assembleia Consituinte do Chile, órgão que vai escrever a nova Carta Magna. O documento vai substituir a constituição herdada da ditadura militar de Augusto Pinochet.

Professora de inglês, doutora em Ciências Humanas e especialista na língua mapuche, Elisa Loncón, 58 anos, recebeu 96 votos entre os 155 deputados constituintes, superando o conservador Harry Jürgensen (33); a jornalista independente Patricia Politzer (18), apoiada pela centro-esquerda; e a também indígena Isabel Godoy (cinco).   

Ela vai presidir um plenário heterogêneo que conta com 77 deputadas e 78 deputados que formam a assembleia, incluindo pela primeira vez na história do país 17 representantes indígenas. Cerca de 40% dos integrantes são cidadãos independentes, sem filiação partidária, mas de orientação política mais à esquerda.

“Esta vitória é uma vitória dos povos indígenas, das mulheres e da diversidade sexual. Esta Assembleia está feita para criar um Chile plurinacional, um Chile sem discriminação e com respeito à mãe terra. Este sonho nós vamos começar a construir agora, de refundar o país”., afirmou Loncon.   

A Constituição do Chile é a única da América Latina que não reconhece juridicamente os povos aborígenes, dentre os quais o mais numeroso é o mapuche, com cerca de 1,7 milhão de integrantes, o equivalente a quase 10% da população nacional.  

“Essa conquista das mulheres chilenas é uma referência para todas as latinoamericanas para que sigamos firmes na resistência e na luta, de que um mundo igualitário não é apenas possível sonhar, mas também realizar”, afirmou Anne Moura, secretária nacional de mulheres do PT 

A conquista não foi isolada.

O fato de uma mulher presidir a Assembleia Constituinte do Chile não é um fato isolado dos fenômenos que incendiaram o país nos últimos meses. Em maio, o Chile elegeu mais mulheres do que homens para compor a Assembleia Constituinte, fazendo com que elas tivessem que ceder vagas aos homens para garantir a paridade de gênero.

O mecanismo criado para garantir a presença de mulheres e coibir uma prática histórica de representações masculinas acabou funcionando de forma contrária. 11 das 81 das mulheres eleitas tiveram que ceder suas vagas a candidatos homens para seguir a regra de igualdade de gênero.

A garantia de que um número igual de homens e mulheres escrevam o documento é um dos maiores feitos do poderoso movimento feminista que se configurou nos últimos anos no país.

(Elas Por Elas)

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