Preso e rodeado de caixas de medicamentos anti depressivos, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral Filho inovou no uso de provérbios populares, levando um desses a um sentido realístico mais que literal, se é que isto é possível.
Em vez de queixar-se ao bispo, no caso do carioca Sérgio, o bispo é D. Orani João Tempesta, que já foi arcebispo cá no Pará e deve estar arrependido com a transferência para a cidade maravilhosa, principalmente depois que conheceu o maroto Cabral.
É que o ex-governador, encrencado em trocentas denúncias de assalto aos cofres públicos, resolveu arrolar como sua testemunha de defesa ninguém menos que o arcebispo do Rio de Janeiro.
A pergunta que não quer calar é: o que o arcebispo sabe da vida secreta do filho desnaturado do grande sambista carioca a ponto de poder ajudá-lo a sair da encrenca em que se envolveu?
Ou, por outra alternativa, que relação perigosa D. Orani estabeleceu com o mega corrupto Sérgio Filho a ponto de seu depoimento significar atenuante para reduzir a gigantesca pena a que Cabral será fatalmente condenado?
De qualquer modo, em meio a tantos escândalos descobertos e fabricados nessa época em que a operação Farsa Jato prendeu, exorbitou, delinquiu, desvendou, ocultou, manipulou, enfim, impôs ao país um clima policialesco, milhares de pessoas de todos os ramos de atividades estiveram sob lupa.
No entanto, foi Sérgio Cabral que fez esse terremoto moralista chegar até à igreja católica. Mesmo como testemunha, a presença do arcebispo do Rio de Janeiro é fato negativo aos olhos da sociedade, principalmente nesses tempos em que todos são suspeitos e o ônus da prova agora cabe a quem é acusado.
Tomara que o caráter difamatório ora difundido no país não seja suficiente para sujar a imagem de alguém tão respeitado como o religioso em tela que, quando esteve por aqui, era bem quisto por todos notadamente os mais humildes.
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