Barbalho no encalço de Zenaldo

O senador Jader Barbalho(PMDB-PA) deu entrada na mesa da Casa em dois requerimentos dirigidos ao Tribunal de Contas da União e à Controladoria Geral da União solicitando fiscalização rigorosa e auditagem na obra do BRT de Belém, que o senador chama de 'caixa preta' e voraz consumidora de recursos públicos, até aqui fabulosos R$235 milhões e ainda sem data pra ser concluído.

Aparentemente, Barbalho segue apenas sua intuição de homem público de larga vivência e experimentado nesse tipo de obra com toda a pinta de custosa e pouca utilidade.

Mesmo assim, trata-se de um requerimento oportuno a merecer toda a atenção da fiscalização federal na medida em que há dois projetos em execução, o primeiro de Duciomar Costa e o segundo a restauração zenaldista, que obviamente não saíram a custo zero ao erário.

Portanto, é preciso que se esclareça quanto dinheiro já havia sido gasto no primeiro projeto iniciado no governo anterior, bem como o custo do atual, refeito pelo atual prefeito não só para incluir o trecho da Rodovia Augusto Montenegro, mas para refazer o anterior quase concluído da avenida Almirante Barroso.

Chama a atenção, por exemplo, a orgia de estações de passageiros incluídas na obra pelo atual prefeito, certamente equipamentos que aumentam o custo da obra e de eficácia duvidosa na medida em que se confronta com a concepção original do Bus Rapid Transit, antes, ao contrário, sendo fator de aumento de lentidão.

O urbansta Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba e pai da ideia de BRT, construiu o da capital paranaense dotando-o apenas de duas estações, exatamente pensando com isso no objetivo de tirar o máximo de ônibus de circulação em áreas vulneráveis a congestionamentos.

Só nos 8km da Almirante Barroso, Zenaldo construiu quase duas dezenas de estações, aparentemente sem justificar o porquê da medida.

Se é pra manter os atuais pontos de desembarque dos usuários do transporte coletivo tradicional, então, fica clara a limitação do projeto no quesito rapidez. Ou seja, continuará sendo um pinga pinga com a única vantagem de ser em coletivo mais confortável, todavia, sabe-se lá a que custo futuro.

Ademais, a longevidade da obra ora realizada  a condena a servir precariamente apenas uma parte da população, a que vem do distrito de Icoaraci. As demais continuarão ainda por alguns anos dependendo das agruras dos sucatões disponíveis.

E mesmo quem vem da Vila Sorriso, pra chegar ao centro histórico, continuará comendo o pão que o diabo amassou, pois nada indica que antes do início do delírio previsto por Jatene para começar a governar(em 2030) o BRT chegará ao antigo centro de Belém.

Por tudo isso é bastante oportuna a iniciativa do senador pemedebista. Espera-se apenas que essa busca por transparência não fique pelo caminho, atingida no coração por uma bala perdida saída da arma da conveniência política.