Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

sexta-feira, 17 de março de 2017

A arrogância, a esperteza e a necessidade


Nessa entrevista da Dilma, em que ela afirma ser o Brasil atualmente governado por ladrões, o que mais chama a atenção é o reconhecimento, por parte dela, do erro em entregar a coordenação política do governo a esses que sabia serem assaltantes.

O dito erro salta ainda mais aos olhos quando lembramos que, junto com essa entrega, foi havendo uma paulatina 'deslulização' do gabinete dilmista, isto cinco anos após a primeira eleição dela em 2010. Figuras centrais do projeto de governo, como Gilberto Carvalho e Franklin Martins, entre outros, jamais poderiam ser afastados em prol dos notórios gatunos que ela cita.

Depois, tudo ficou na conta da eleição de Eduardo Cunha à presidência da Câmara, como se esse fato por si só explicasse o desmoronamento da base aliada do governo Dilma, obviedade desmentida pelos fatos, conforme colocaram de forma cifrada no STF Dias Toffoli e principalmente Gilmar Mendes, julgando uma ação do governo contra as manobras de Cunha para encaminhar o pedido de impeachment,  ao declararam mais ou menos isso: um governo que não conta com 171 deputados mais um para defende-lo não tem como existir.

Obra de Cunha? Apenas a operação parlamentar. A logística do golpe havia sido garantida quando Temer fez beicinho, chorou baixinho e ganhou a coordenação política do governo, saudada por Mercadante como a recomposição da base aliada no Congresso

Tolice. Temer chamou Padilha e este rastreou o organograma governamental para distribuir cargos e desestabilizar Dilma pelo parlamento. A recusa de deputados petistas votar contra Cunha no processo da Comissão de Ética foi mais álibi do que fato concreto. Não fosse aquele, seria outra ocorrência que levaria Cunha a formalizar pedido de abertura de processo contra a presidenta.


De fato, àquela altura o golpe estava praticamente consumado via parlamento, este, diga-se, blindado pelo STF, fiel ao mantra dos seus ministros a respeito da necessidade de ter 1/3 mais um dos integrantes da Câmara para impedir processos daquela natureza, mesmo esses surgidos na esteira de argumentações espúrias, como foi o caso.

Dilma sabia com quem lidava, diz ela. Todavia, parece que seus mais ilustres auxiliares, José Eduardo Cardozo e Aluisio Mercadante, não tinham a mesma noção, daí acreditarem que o tal afastamento dos lulistas do staff palaciano significaria livrar-se da sombra de Lula e dar ao governo cara própria.

A tentativa de nomeação às pressas de Lula para a Casa Civil, de fato, seria fator de estancamento do golpe, tanto que provocou algumas das mais sórdidas manobras da história do Poder Judiciário: o grampo morista à presidenta do país e a decisão de Gilmar Mendes impedindo a nomeação de Lula, baseada na canalhice anterior.

Resumo da trapalhada republicana: tiraram a operação política das mãos de lulistas a pretexto de dar fisionomia própria ao governo Dilma; transferiram para as mãos dos ladrões que Dilma sabia como agiam; no sufoco, chamaram Lula para tentar salvar a lavoura; porém, não havia mais tempo pra salvação e hoje as "pragas" deitam e rolam, enquanto o povo sofre as consequências.

É o que dá técnicos arrogantes chamarem pra si a idiotice, auto tratada como virtude, de mexer em que time que há 12 anos só ganhava de goleada, permitindo a virada do adversário. Mais uma vez, só Lula pode revirar o jogo. Credo!

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