Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

domingo, 28 de agosto de 2016

O grande salto para trás de Michel Temer


Um grande salto à frente lembra a fracassada tentativa da China, entre 1958-1961, de impulsionar o crescimento da economia além do fisicamente possível. O grande salto para trás de Michel Temer tem tudo para dar certo: uma burguesia econômica tíbia, profissionais liberais (engenheiros, médicos, dentistas, advogados, etc.) conservadores em sua maioria, heterogêneo apêndice do terciário de mão de obra rudimentar e reacionária (balconistas, caixas e congêneres), categorias intermediárias entre o assalariamento e a incapacidade de crescer – pequenos comerciantes, escritórios periféricos do setor de serviços – igualmente reacionárias e um operariado de baixo poder ofensivo, exceto em alguns momentos da trajetória econômica, majoritariamente caudatário de lideranças partidariamente comprometidas. No passado, excepcionais lideranças, conduzindo um estamento político ainda pouco contaminado pelo vírus acumulativo das gerações capitalistas, empurraram um empresariado gaguejante em direção à modernidade. Contaram com auxílio de uma burocracia estatal de alta competência e valores nacionalistas, formada desde os anos 30, e que atravessou com dignidade, com exceção minoritária, o período ditatorial. A imprensa, nos intervalos de liberdade, era ideologicamente plural e economicamente competitiva. Não havia lugar para cenas como a do dia 17 de abril de 2016, na Câmara dos Deputados, nem mesmo sob a vigilância de olhos e ouvidos fardados.

Hoje, Michel Temer dá o tempero insosso ao caldeirão reacionário em que se misturam os pelotões de sempre da retaguarda. Dos políticos vertebrados poucos restam, paralisados pelo nível de despudor explícito das negociatas entre Legislativo e Executivo, com participações especiais do Judiciário, noticiadas como rotina por uma imprensa concentrada, chantagista e vingativa. A burocracia estatal espatifou-se em tribos predatórias e ameaçadoras: polícia federal, procuradores públicos, fiscais aduaneiros, auditores, juízes e todas as demais gangues, medindo-se semanal, mensal, anualmente, em campeonato de extorsões da renda nacional à vista do público desarmado, sem refúgio e sem nicho de apelação. A população brasileira está sendo sistematicamente estuprada por folhas de pagamento em que os penduricalhos de benefícios laterais a título de todos os auxílios de que ela própria é desvalida, transformados no meu champanhe, minha vida dos casamentos-ostentação de políticos, juízes, empresários, banqueiros e chalaças.

O governo de Michel Temer dá as primeiras passadas, acelerando para o grande salto para trás e a grande queima de estoques. A massa assalariada brasileira está sendo vendida a preços de saldo, com as liquidações iniciais dos programas educativos e sociais. O patrimônio de recursos materiais, como antes, será oferecido como xepa. A repressão à divergência não será tímida. Não há nada a esperar.(Wanderley guilherme dos Santos/ Segunda Opinião/ via GGN)

Um comentário:

marcosomag disse...

Consciente do futuro trágico que espera o Brasil depois do Golpe escreví o texto: "Com o Golpe, o Haiti será aqui".

Programas sociais liqüidados um a um. A mais recente vítima foi o "Brasil Alfabetizado". Os golpistas em sua lógica neoliberal consideram que brasileiros adultos são casos perdidos para a educação básica. Se nem possuidores de diplomas universitários conseguirão emprego no modelo econômico que pretendem implantar no Brasil, para que investir na educação básica de adultos? Para que descubram através dos livros divergentes a causa dos seus problemas? Não é algo que seja conveniente aos ditadores de plantão.

Depois, a redução do "Bolsa Família" a um "programa-piloto". Tudo de acordo com os ditames dos "clássicos" neoliberais que são os livros de cabeceira dos reacionários que agora mandam no Brasil. Assim ocorrerá com todos os outros programas sociais: redução, privatização ou extinção. Os que ainda permanecerem atenderão a 0,001% dos necessitados. Terão serventia política para serem apresentados em contraponto ao discurso da esquerda nos horários eleitorais gratuitos e assim, amenizarem os remorsos da classe média reacionária que apóia o Golpe e apoiará o novo Regime.

Na economia, privatização de tudo em negociatas que fariam constranger o próprio Al Capone. Agências "reguladoras" cosméticas foram criadas no período "tucano" no Planalto para "dourar a pílula" da privatização perante o público assustado com os monopólios particulares que foram implantados no setores econômicos então privatizados. Agora, com o discurso de direita mais arraigado na classe média por obra dos "movimentos" financiados pelos NED e pela mídia, também treinada por "think thanks" pagos com US dólar via Instituto Millenium, as tais agências serão abandonadas e o saqueio da população por grandes grupos econômicos em setores como saneamento, saúde e educação será escancarado.

Perderemos as últimas instituições estratégicas para um projeto nacional brasileiro na economia: a Petrobrás e o BNDES. A primeira será sucateada, fatiada e depois, entregue para petroleiras estrangeiras por preço vil em meio a muitíssima corrupção em benefício dos setores políticos envolvidos na implantação e manutenção do Regime. O segundo deverá perder o "S" da sigla, rotulado de "demagógico" pela direita no Poder. Após o futuro BNDE ser usado para negociatas corruptas no processo de liqüidação do restante do patrimônio público brasileiro, será também vítima da privatização, e a imprensa corrupta e seus bonecos-de-ventriloqüo irão vaticinar que ele "cumpriu a sua missão".

A população, à exceção de setores médios beneficiários das negociatas privatistas e da expulsão dos pobres do ensino superior, estará crescentemente desempregada, sem acesso universal a qualquer serviço básico e sem qualquer boa perspecitva. As suas "alternativas" de sobrevivência serão a mendicância, entrar no crime (muitas vezes, facções criminosas) ou tentar trabalhar como ambulante. Em todas as "alternativas" citadas, sendo reprimida pela polícia com total apoio da imprensa corruptas e seus apresentadores carniceiros de "telejornais" de fim de tarde.

Quando acabar o petróleo do Pré-Sal, os princípios ativos da "nossa" biodiversidade estiverem todos patenteados no estrangeiro e o solo esgotado pela agricultura extensiva dos "ruralistas" ficaremos apenas com a impagável conta da hecatombe ambiental causada pelas petroleiras estrangeiras e 240 milhões de haitianos, digo, brasileiros, desesperados.