Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

terça-feira, 15 de março de 2016

Jornal alemão fez o que o PIG não faz: ouviu o povo e descobriu que este não quer golpe

 




Se, na beira-mar de Copacabana, uma elite branca e de alta renda foi à rua para protestar contra o governo, o PT ou a corrupção, em cima do morro o discurso é diferente. Lá, uma população mais parecida com a média do povo brasileiro também faz críticas à gestão e à situação do país, mas compreende que o problema não é o PT ou a presidenta Dilma. Reconhece as conquistas dos últimos anos e sabe que a corrupção no Brasil é um problema maior, sistêmico. Portanto, não engrossa o coro golpista.


Uma reportagem do Deutsche Welle, publicada nesta segunda (14), ouviu os moradores da comunidade Pavão-Pavãozinho, que não participaram do ato de domingo. Entre os motivos apontados, está a percepção de que não é tirando a presidenta legitimamente eleita – e que representa um projeto popular –, que se resolve a crise.

"Vão tirar a Dilma e colocar quem no lugar? Ela está sendo usada como bode expiatório”, disse ao DW a operadora de caixa, Maria de Lurdes Silva, de 44 anos, para quem “todo mundo rouba no Brasil”. A convicção de que a corrupção não é um problema do PT, mas um mal crônico e generalizado – por mais desalentadora que seja esta ideia – permeia a fala de quase todos os entrevistados.

"O problema é que todos os partidos têm as mãos sujas. O que precisam fazer é continuar investigando e punir quem rouba. Se tirar a Dilma, entra o vice dela, que é corrupto. Se não for ele, tem o [presidente da Câmara] Eduardo Cunha, que é corrupto. Sobra quem? O PSDB e o PMDB, que também estão cheios de suspeitas? Esses dois aí só pensam em ajudar os ricos. Tenho a sensação de que estamos andando para trás", lamentou Cátia Maria Marcelino, 33 anos, dona de uma loja de roupas na comunidade.

Carlos Alberto da Silva, 52 anos, também foi na mesma direção. Ele contou ter votado no PT e em Dilma. E, apesar de não estar satisfeito com o governo, defende que ela conclua seu mandato. “Ela foi eleita e tem de terminar o trabalho. A vida mudou nos últimos anos para melhor, apesar de eu estar desempregado há seis meses”, opinou.

Beneficiados pelas políticas de inclusão social e distribuição de renda das gestões petistas, os moradores do Pavão-Pavãozinho - ainda que tenham críticas ao governo - conseguem distinguir bem o viés popular do projeto em curso no país.

Para o porteiro Manuel, que tem 40 anos e preferiu não divulgar seu sobrenome, por exemplo, o protesto foi coisa de rico. E Dilma tem que permanecer no poder. “Todos os ricos foram. E rico não gosta do PT e de pobre. Rico só gosta do trabalho dos pobres. Não podemos confiar em quem defende os ricos. Votei no Lula, na Dilma e, se ele se candidatar em 2018, voto nele de novo. Pelo menos, eles pensam na gente. Dilma foi eleita e tem que ficar. Só não sei se ela vai ter força, esse negócio está muito embaraçado", afirmou.

Também porteiro, Jacinto Pedro da Costa, de 42 anos, é outro que adota um discurso de classe e reconhece as transformações promovidas nos últimos anos. “Existem empresários ricos que não querem só derrubar a Dilma, mas querem acabar com o PT. Não é justo, mesmo que tenham cometido erros. Por causa do PT consegui abrir minha primeira conta em banco, consegui crédito para comprar as coisas e colocar mais comida dentro de casa", declarou.

As vozes que vêm do morro ajudam a desconstruir o discurso rebaixado da grande mídia e da oposição, que tentam passar a ideia de que os protestos de domingo expressaram a vontade do país. Na verdade, expressaram os desejos de setores do país, a quem as políticas inclusivas e distributivas do PT nunca interessou.
(Deutsche Welle/ Portal Vermelho)

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