Embora tenha ficado conhecido por mandar prender o ditador Augusto Pinochet, em Londres, Garzón na verdade construiu sua carreira na guerra contra o narcotráfico e o tráfico internacional de armas.
Em 1999, quando Pinochet ainda estava preso, fui à Espanha fazer um perfil do juiz para a revista Playboy. Entre os episódios da carreira dele que desenterrei há uma passagem interessante. no começo dos anos 90 ele prendeu o sírio Monzer al-Kassar, multimilionário acusado de ser um dos maiores traficantes de armas do mundo. Depois de passar alguns meses preso, al-Kassar foi libertado após o pagamento de uma fiança de US$ 12,5 milhões. Argent de poche para ele.
O infatigável Garzón, porém, continuou a investigação. Puxando o fio da meada, foi ao oriente médio, ao panamá e no final da linha bateu em Buenos Aires. Mais precisamente, em Amira Yoma, secretária particular do presidente Menem e irmã da primeira-dama argentina, Zulema Yoma. e, claro, bateu no presidente da república. custou, mas Garzón acabou vencendo a parada. Em 2001, doze anos depois de deixar a presidência da argentina, graças às investigações do juiz espanhol, que esquadrinhou sua vida, Menem foi condenado a sete anos de prisão pela venda clandestina de armas à Croácia e ao equador, passou quatro meses em prisão domiciliar e, para escapar da cana, exilou-se no chile.
O juiz Garzón certamente sabe coisas desse rolo monumental envolvendo Menem, a Petrobrás e o governo FHC. Mas algum jornalista tem que pegar o telefone, ligar para ele e fazer perguntas.
Procurando acha
(Fernando Morais/ via Conversa Afiada)
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