Cinismo e audácia

Só o cinismo justifica que um jornalista, seu jornal e a mídia em geral contentem-se em apenas registrar que o líder do PSDB na Câmara Federal tenha dito tardiamente que aprova a decisão do STF, no que se refere ao voto aberto para eleger a comissão do impeachment. Dos mais de 270 votos que garantiram o triunfo da manobra escusa de Eduardo Cunha pra eleger uma comissão por voto secreto, estava lá a quase totalidade da bancada tucana votando com Cunha.

Esse banditismo retórico tem a clara intenção de confundir a população, contando para isso com a cumplicidade de uma mídia tão canalha quanto Carlos Sampaio, o biltre autor da declaração safada.

Lembremos que todas as vezes que foi a exame propostas de reforma política prevendo o fim do financiamento empresarial em campanhas eleitoral os tucanos deram um jeito de barrar. Depois iam aos veículos midiáticos de seus cúmplices dizer que eram a favor da medida. É o mesmo cinismo usado pra acusar petistas no Mensalão e Petrolão, sendo que ambos os esquemas tiveram origem e desenvolveram-se nos arraiais da privataria.

Sabe-se que a impunidade fabrica o impostor, assim como se sabe ser a audácia a mola mestra da ação do assaltante. Por isso esses petulantes ladrões assaltam e ainda acusam os outros pelos roubos que planejaram. Mas nada disso estaria nesse nível se não houvesse uma quadrilha midiática a 'lavar' esses enredos delinquentes, como se deles estivessem apartados seus mentores. Por isso, enquanto não botarem atrás das grades alguns desses cúmplices continuaremos a conviver com a ladroagem e com a impunidade.