Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Sérgio Moro e o óbvio


"Aparentemente, Deus é muito treteiro, faz as coisas de forma tão recôndita e disfarçada que se precisa desta categoria de gente- os cientistas- para ir tirando os véus, desvendando, a fim de revelar a obviedade do óbvio", dizia o saudoso Darci Ribeiro, em palestra realizada na SBPC de 1977, cujo tema era o óbvio.

Não sei se o juiz Sérgio Moro algum dia tomou conhecimento desse texto do mestre Darci. Provavelmente não. Embora isto não o absolva das desconfianças em relação a seus intentos na treta que urdiu com a operação Lava Jato, quando transformou o óbvio no mantra não vem ao caso, recusando-se a apurar as origens do propinoduto na Petrobras, detendo-se apenas no que ocorreu após 2003.

Atropelado pelos fatos, tem andado desaparecido, talvez porque esteja evitando que outra obviedade seja desvendada: a de que seus objetivos eram mais político/partidários do que o resgate da moralidade administrativa na nossa estatal do petróleo.

Sua fracassada tese baseada nas premissas que deflagaram a operação Mãos Limpas. na Itália, desde cedo mais ocultou do que revelou induzindo ao cometimento de torpezas que, se cometidas em um país com mais tradição no respeito à legislação, já teria levado Moro a responder por seus desatinos. A prisão da cunhada do ex-tesoureiro do PT foi de uma truculência sem igual, bem como a comprovação da missão politiqueira  que o malsinado juiz auto concedeu a si mesmo.

Ainda assim, o juiz segue ignorando a obviedade já descoberta, qual seja, se FHC não tivesse escancarado os cofres da Petrobras aos gatunos que atravessaram do século passado a este roubando
a companhia. Foi o 'Príncipe da Privataria' que criou aquela delinquência alcunhada de regime diferenciado de compras; que nomeou Francisco Dornelles seu ministro da fazenda,e este escalou o larápio Paulo Roberto Costa pra coordenar o esquemão da roubalheira; foi FHC, ainda, que nomeou Delcídio Amaral pra diretor da área de exploração de gás, evidenciando ainda mais que a intenção era furtar tudo que estivesse ao alcance antes de privatizar a nossa maior companhia estatal.

A tese de Moro, provavelmente compartilhada por outro tucano/togado, Gilmar Mendes, deu com os burros nágua na medida em que não há mais como falar em organização criminosa sem citar como começou a roubalheira na Petrobras. Podem até dar cavalo de pau investigativo, como fizeram na Operação Zelotes, no entanto, terão que enfrentar um STF muito mais vigilante do que deseja o ministro Mendes.

Nesse sentido, 2016 poderá começar politicamente com a punição de Eduardo Cunha. A partir daí, o trabalho investigativo tende à transparência e ampliação do seu raio de ação. Então, aqueles que estão escondidos atrás de Cunha deverão ficar descobertos e sujeitos à punição por todos os crimes cometidos em nome de um projeto que previu 1/4 de século à frente do poder, mas que poderá, finalmente, mandar os mentores sobreviventes desse sinistro às barras dos tribunais a fim de que paguem por seus crimes.

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