Jorge Paz Amorim
- Na Ilharga
- Belém, Pará, Brazil
- Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.
sábado, 26 de setembro de 2015
O charme de 'jogar por uma bola'
Lendo, como de hábito, o caderno de esportes BOLA, encartado no jornal Diário do Pará, especificamente o artigo do jornalista Nildo Lima desancando a expressão "jogar por uma bola", resolvi dar meu pitaco, até mesmo porquê, ao contrário do jornalista, acho a expressão bastante feliz.
Penso que o problema não está nela(na expressão), como crê Nildo, mas na interpretação simplória que induz a pensar ser uma orientação técnica dada à uma equipe que entra em campo pensando apenas em defender-se e, em determinado momento do jogo, como por encanto, ir lá no gol adversário e resolver a parada.
Emprestada do jogo de sinuca, "jogar por uma bola", significa a capacidade do bom jogador em encaminhar o posicionamento das bolas de tal forma que, em uma tacada, possa aniquilar o adversário e praticamente definir um embate, caso não cometa erros bobos. Em momento algum há a exclusão de riscos, aliás, seja na sinuca ou no futebol.
Uma das clássicas partidas em que o adversário 'jogou por uma bola' foi o fatídico, pra nós, brasileiros, BrasilxArgentina da Copa de 1990, com os hermanos vindos de uma primeira fase bem ruim em que tinham perdido para a seleção de Camarões e quase não passam da fase de grupos; enquanto os brasileiros, mesmo jogando um futebolzinho bereré, havia passado sem sustos e se arvorava a favorito, principalmente depois que foi especulada a ausência de Maradona, malandragem que parece ter confundido a cabeça do incauto Sebastião Lazzaroni.
O Brasil pressionou, chutou bola na trave, mandou na partida, mas, lá pelos 30' do segundo tempo levou aquele gol de Cláudio Caniggia, após arrancada fulminante do "baleado" Dieguito. Claro que a Argentina correu riscos, é evidente que um pouco mais de sorte do ataque brasileiro poderia oferecer outro resultado ao jogo.
No entanto, era acintosa a tática argentina em postar-se como equipe inferior e nem um gol contra si mudaria essa atitude. Ou seja, perder de pouco, empatar ou vencer em lance fortuito parece ter sido o objetivo traçado, em razão da circunstância, sendo seguida à risca e com êxito.
O mesmo pode ser dito da histórica vitória do Papão na Bombonera, com nove jogadores contra dez do Boca Juniors. Perder de pouco, manter o empate ou aproveitar uma chance fortuita parece ter sido o objetivo traçado e seguido, em qualquer circunstância, seria mantido até se os portenhos tivessem saído na frente.
Assim, 'jogar por uma bola' está longe de sugerir uma fórmula mágica que assegure vitória improvável, sendo mais um elemento motivacional pra que seja mantida, também em qualquer circunstância, a tática traçada, apesar dos riscos inerentes. Esse cartesianismo tosco e simplificador que leva à crença de que 2+2 terá como resultado sempre o 4, em futebol vem sendo desmentido ao longo da história, daí o encanto despertado pelo tal 'rude esporte bretão' em partes do planeta até então infensas a esses encantos.
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