Proprietários privados da coisa pública

Segundo dados do MEC, existem no Pará 21 escolas públicas batizadas com o sobrenome Barbalho. Se você acha isso excessivo(e é), pior no Maranhão, em que a família Sarney dá nome a quase cem escolas. Recentemente, no Rio de Janeiro, a comunidade "desomenageou" um notório esbirro que dava nome a um anexo da tradicional escola D. PedroII por achar(com razão) que a homenagem era um escárnio com nossa história.
Nunca se parou pra pensar quantos orgãos públicos levam o nome de Tancredo Neves em todo o país, mas, certamente, o número está mais para Sarney que pra Barbalho, dado o boom emotivo após a morte daquele que passou a vida toda conspirando para chegar à Presidência da República, mas morreu na véspera de tomar posse.
De qualquer modo, diante do momento em que vivemos, com os modos republicanos chegando lentamente para substituir os coloniais, talvez fosse o momento de surgir uma lei mais severa disciplinando esse tipo de homenagem. De tal forma que a nomenclatura do patrimônio público não ficasse dependente da vontade do governante de plantão, e sim tivesse a perspectiva de retratar minimamente uma parte da nossa cultura. Não é possível continuarmos convivendo com a mentalidade que dá à uma rua o nome de 14 de Março(aniversário de uma das concubinas de D. Pedro), enquanto fatos importantes de nossa história são ignorados e alguns até desmerecidos, como ocorreu com a Aldeia Cabana, vítima da ignorância generalizada do cleptoalcaide que atualmente ocupa o Palácio Antônio Lemos, deve ter associado o maior movimento popular de nossa história ao marketing do seu antecessor, resultando essa confusão no cometimento da maior heresia que se tem notícia.