A Influência de Jáder

Em anúncio de página inteira, publicado no Diário do Pará de hoje, mais uma vez o PMDB deslumbra-se com o dedo do "mestre" Barbalho e ignora o brilho da lua.Cheia de rapapés e salamaleques, a dita mensagem enaltece o trabalho do deputado Jáder Barbalho como um dos cem mais atuantes do Congresso Nacional, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar(DIAP).
A publicidade partidária enumera os ítens que supostamente levaram Jáder à essa condição: capacidade de artculação, liderança na condução dos debates, negociações, votações e formulações.
Ninguém em sã consciência há de contestar a presença de Barbalho na lista do DIAP. Seria brigar com os fatos, o que é uma estupidez. Agora, dizer que os motivos são os acima enumerados, francamente, é antecipar a presença de Papai Noel e inseri-lo na cena política.
Na verdade, essa ligação não passa de subliminar homenagem do vício à virtude, feita pelo PMDB. Se JB está presente em algo é na lista dos maiores gazeteiros do Congresso; não se tem conhecimento de um trabalhinho sequer do deputado; ora, se é ausente, como pode demostranstrar liderança na condução dos debates?
Resta somente o ítem negociação. E é nesse que Jáder se destaca. Mas não como parlamentar atuante, e sim como um cacique detentor de grande número de cargos na máquina pública, o que lhe permite um incomensurável poder de "persuasão", na hora de fazer valer seus interesses dentro do PMDB. É dono da Eletrnorte, FUNASA, têm raízes fincadas nas polícias Militar e Civil do Estado, desde quando foi governador, Assembléia Legislativa, além dos orgãos que indicou os titulares no governo do Estado.
Tamanha capacidade de influenciar, no entanto, jamais foi usada para fazer com que nossas imensas riquezas revertessem em favor do nosso povo, lembremos da atuação de Barbalho no Ministério da Reforma Agrária e sua atuação em benefício de grupos empresariais que lhe emprestassem apoio político, como no caso dos castanhais de Marabá aforados ao Grupo Mutran e ilegalmente transformados em fazenda, pior, agora nas mãos do arqui- bandido Daniel Dantas.
Assim, reconhecer o prestígio político de Jáder é constatar um fato. Festejá-lo é indício de que compactuamos com o que de mais escabroso ocorre na política nacional.