Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

“A fome é política, não econômica”. Diz Lula, o grande estadista deste século


Na abertura do Fórum Mundial da Alimentação, em Roma, ocorrido na manhã desta 2a feira (13), o presidente Lula fez um discurso contundente em defesa da solidariedade e do papel dos países no enfrentamento à miséria. Diante de chefes de Estado, ministros e representantes de mais de 40 nações, lembrou que “a fome é irmã da guerra, seja ela travada com armas e bombas ou com tarifas e subsídios”.

O evento marcou os 80 anos da FAO, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, e coincidiu com o retorno do Brasil ao mapa da esperança. Segundo dados do IBGE, 2,2 milhões de famílias brasileiras deixaram a situação de fome em 2024, e o país voltou a sair oficialmente do Mapa da Fome da ONU.

“Enquanto houver fome, a FAO permanecerá indispensável”, afirmou Lula, reforçando a importância do multilateralismo, especialmente em tempos de retrocesso. “O acesso a alimentos continua sendo um recurso de poder. Não há como dissociar fome das desigualdades que dividem ricos e pobres, homens e mulheres, nações desenvolvidas e nações em desenvolvimento”.

Um país soberano é aquele que alimenta o seu povo

O presidente destacou que, em apenas dois anos, o Brasil reconstruiu as bases que o tiraram do Mapa da Fome em 2014 e novamente em 2025, recolocando o país como referência no combate à pobreza. “Trinta milhões de pessoas começaram a almoçar, jantar e tomar café”.

A conquista, ressaltou, não é fruto de assistencialismo, mas de decisões que visam o povo. “É preciso colocar os pobres no orçamento e transformar esse objetivo em política de Estado, para evitar que avanços fiquem à mercê de crises ou marés políticas”.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome, o país registrou em 2024 a menor proporção de domicílios em insegurança alimentar grave da história. O avanço reflete a retomada e a ampliação de programas como o Bolsa Família, o apoio à agricultura familiar e o Plano Brasil Sem Fome, que integra 80 ações e mais de 100 metas.

Reforma financeira e justiça global

Lula usou o palco da FAO para propor medidas contra a desigualdade no planeta, como um imposto de 2% sobre os super-ricos. “Garantir três refeições diárias às pessoas que passam fome custaria 315 bilhões de dólares, apenas 12% dos gastos militares globais”.

Ele criticou barreiras comerciais e políticas protecionistas que “desestruturam a produção agrícola no mundo em desenvolvimento”. Para o presidente, “não basta produzir, é preciso distribuir”.

O Brasil, lembrou Lula, atua hoje como parceiro técnico de mais de 40 países, compartilhando políticas de segurança alimentar e agricultura sustentável. A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada sob a presidência brasileira do G20, já reúne 200 membros e conta com a FAO como braço técnico.

Pobreza, clima e futuro

O presidente fez também um alerta sobre os efeitos da crise climática na produção de alimentos, lembrando que “um planeta mais quente será um planeta com mais fome”. Ele defendeu uma “revolução mais verde e mais inclusiva”, que una justiça climática e combate à pobreza. E antecipou que, na COP30, em Belém, o Brasil proporá uma Declaração sobre Fome, Pobreza e Clima, parte central da ação ambiental global.

Segundo Lula, “mitigar as emissões do setor agrícola e adaptar sistemas alimentares a uma nova realidade climática são tarefas que demandam tecnologias e muitos recursos”. Em Belém, o país lançará o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que vai remunerar tanto quem refloresta quanto quem mantém a natureza em pé.

A fome como escolha política

No encerramento do discurso, Lula reforçou que “a fome não é simplesmente um problema econômico.”. E continuou. “É, sobretudo, um problema político. É uma questão de opção, de saber para onde vai o dinheiro que o Estado arrecada”.

O presidente citou a recente aprovação na Câmara da reforma do imposto de renda e reforçou que a justiça fiscal caminha junto com a social. “É importante lembrar que os pobres não são invisíveis. É preciso enxergá-los, porque um dia eles nos enxergarão, e aí pagaremos o preço da irresponsabilidade de não cuidar dos pobres”.

(Agência PT)

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