Não há como fazer avaliações a respeito das eleições municipais, realizadas ontem, sem estabelecer elos com a conjuntura que vai se formando pra 2026.
Um dado curioso e inédito é que, desde as eleições municipais de 1989, esta foi a primeira vez que o (P)MDB não faz o maior número de prefeitos entre as 5569 cidades brasileiras.
Perdeu para o PSD de Gilberto Kassab, que até aqui fez 888 prefeitos; enquanto o MDB fez 861; ambos disputam o segundo turno em algumas cidades, todavia, dificilmente esse quadro mudará.
Encerra-se, assim, o ciclo do partido hegemônico dos rincões, mesmo que o MDB continue forte em pequenas, médias e até capitais onde não governava desde o ano citado, como Belém do Pará, então governada pelo emedebista Coutinho Jorge até 1988.
A divisão do protagonismo com o PSD deverá tornar o cacife emedebista menos valioso, principalmente se Ricardo Nunes for derrotado em São Paulo, ou, ocorra aquele movimento natural de quem deve muito ao governador do estado e Nunes migrar para o Republicanos do Tarcísio de Freitas.
Como era de esperar a extrema direita encolheu, o Centrão se fortaleceu e o PT experimentou um pequeno crescimento, ao eleger 251 vereadores, contra os 182 eleitos em 2020, além da possibilidade voltar a eleger prefeitos de capitais, o que não ocorreu na eleição anterior, sob efeitos das pestes covid e lava jato.
Kassab, com efeito, deve procurar ter mais espaço no governo Lula(já comanda três ministérios), levando-se em conta que legendas menos representativas possuem número semelhante de pastas, o que forçará uma reforma ministerial para o início de 2025, daí surgindo um novo desenho da base de apoio ao governo, dessa vez vislumbrando-se um cenário menos turbulento. Será?
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