Primeiro chefe do Executivo em 30 anos a encerrar o mandato com o salário mínimo valendo menos, e agora flagrado tramando uma lei que vai fazer o piso salarial, aposentadorias e BPC serem reajustados abaixo da inflação, Jair Bolsonaro deu um jeito de multiplicar a própria renda. Ano passado, mandou o Ministério da Economia publicar portaria que o permite acumular na íntegra a aposentadoria e o salário de presidente.
Publicada em 30 de abril de 2021, a portaria da Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal do Ministério da Economia autoriza uma parcela de servidores públicos – Bolsonaro incluído – a receber mais do que o teto remuneratório constitucional.
Desde junho do ano passado, o inquilino do Planalto e alguns integrantes da cúpula do Executivo tiveram ganhos de até 69%, bancados com dinheiro público, enquanto o funcionalismo está com salários congelados há cinco anos.
Com a norma, a remuneração bruta de Bolsonaro (aposentadoria e salário de presidente) passou de R$ 39,3 mil para R$ 42.259,66 mensais, ou quase 35 salários mínimos. O vice-presidente Hamilton Mourão, que é general da reserva, teve aumento de quase 64%, para um total de R$ 63,5 mil, entre salário e aposentadoria.
Na lista dos beneficiados constam outros militares aliados, como o atual candidato a vice Walter Braga Netto, com aumento de R$ 22,8 mil, totalizando R$ 62 mil; Luiz Eduardo Ramos, agora com salário de R$ 66,4 mil; e Augusto Heleno, R$ 63 mil mensais.
Bolsonaro ainda goza de benefícios como o cartão corporativo, com o qual torra em média R$ 875 mil em dinheiro público por mês, com despesas não transparentes. Ainda mais porque ele colocou sigilo de cem anos sobre a fatura do cartão corporativo.
“O salário está baixo” é o título do artigo de Bolsonaro para a revista Veja, além de ameaças terroristas, que rendeu 15 dias de cadeia para o então capitão do Exército, em 1986. Trinta e seis anos depois, o oficial aposentado por ser um “mau militar”, como disse na época o general Ernesto Geisel, trama formas de “se arrumar” enquanto ainda está no Planalto. Mas a mamata vai acabar.
(Agência PT)
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