Todo ano, a quando do aniversário de Belém, surgem inúmeras sugestões de pessoas das mais variadas tribos urbanas fornecendo a solução para os problemas e a consequente felicidade eterna a partir daí.
Curioso é que a grande maioria desses elixires da longa vida urbana desenvolvida e sustentável sempre caem no esquecimento, ou sua operacionalização mostra que nem são tão eficientes fora da prancheta.
Assim, continuamos padecendo dos mesmos males que nos afligem há décadas, sem que consigamos superar mazelas que se impuseram como parte de soluções miraculosas, na verdade, pura malandragem.
A concepção de grande cidade, como vocação natural, que nos impôs destruição e deterioração de nosso patrimônio histórico e arquitetônico, substituído pela feiúra daquilo que ficou no lugar do que era lindo.
Nosso centro histórico foi o mais atingido por essa concepção boçal, sendo difícil que resgatemos toda sua beleza, estando hoje a prefeitura na obrigação de restaurar aquilo que a rapinagem ainda não conseguiu destruir.
Além desse desafio do resgate histórico/arquitetônico, há outro a ser feito que é a ênfase na nossa vocação ribeirinha necessitando-se, urgentemente, do trabalho na implementação desse modal de transporte, mais barato e menos poluente.
E que isso traga a vida nas ilhas da cidade à integração na vida do seu centro econômico, controlando a especulação imobiliária e a destruição do meio ambiente, inaugurando um novo modelo de crescimento para os belenenses.
É muito. É. Todavia, precisamos nos libertar dessa concepção menor que imagina um parque como nossa redenção paisagística, ou a sacralização de um bar como ícone da nova concepção urbana. Até foi, mas constituiu-se em uma tragédia.
Por isso é preciso superar essa concepção estúpida que o neoliberalismo nos legou, de criar um espaço pra atrair turistas fechando o porto em que esses turistas desembarcavam. Nada pior do que a burrice ilustrada e arrogante. Isso não é Belém.
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