Segundo o estudo do Iedi, o pior resultado foi o de cabines, carrocerias e reboques para veículos automotores, que teve queda de 66%. O setor de caminhão e ônibus caiu 64% e o de equipamentos de informática e periféricos, 53%.
O grande vilão do declínio da indústria é a queda no investimento público e privado. “O investimento foi afetado tanto pelo ajuste fiscal do setor público como pela aversão ao risco, que restringiu o volume de crédito disponível para o setor privado, além dos efeitos diretos e indiretos da operação Lava-Jato sobre a economia brasileira e o setor de infraestrutura. E junto com essas causas reais, a crise foi potencializada pela piora na confiança de empresários e consumidores”, diz Rafael Cagnin, economista-chefe do Iedi.
A falta de perspectivas e a incerteza em relação ao cenário econômico foram amplificadas pela crise política insuflada pela oposição a Dilma Rousseff e perpetuada pelo governo rocambolesco de Temer. Sem crédito e sem vislumbrar garantia de retorno, as empresas cortaram investimentos.
E as perspectivas não parecer ter mudado. Não se pode contar com um reaquecimento do mercado interno, já que, com queda na renda e aumento do desemprego, as famílias reduziram seu consumo, principalmente de bens duráveis, bombardeando a demanda interna.
Tampouco se pode esperar boas notícias do setor externo. Em um ano, a moeda americana acumula uma desvalorização de mais de 18%, prejudicando a competitividade das mercadorias brasileiras lá fora.
Na visão do economista e ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, o Banco Central precisa intervir para apreciar o câmbio. “Mas não é só intervir. Quais foram as políticas contracíclicas que este governo tomou? Não conheço nenhuma. Só se eu chamar de contracíclica afinal o Banco Central, depois de um imenso atraso, começar a baixar juros. Fora esses juros absolutamente escandalosos, não vimos nada”, disse a O Estado de S.Paulo.
O levantamento do Iedi também analisou o último trimestre de 2016 e constatou que, se um quarto dos setores já cresceu mais de 5% em relação ao último trimestre de 2015, a produção de outro quarto ainda caiu 10% ou mais na mesma comparação. "Estamos no início de uma recuperação que será muito lenta. O que será crescer 5% para um setor que encolheu 60%?", questiona o economista-chefe do Iedi, Rafael Cagnin, no Valor.
Fato é que reverter as fortes quedas acumuladas nos últimos três anos não será fácil. Segundo Cagin, faltam elementos dinamizadores para a indústria. Para ele, a queda dos juros é algo ainda insuficiente para alterar a rota atual. E seriam necessárias medidas que pudessem reverter a falta de crédito e de confiança, o alto nível de desemprego, além de levar adiante projetos públicos de infraestrutura, por exemplo.
{Portal Vermelho/ O Estado de São Paulo/ Valor Econômico}
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