No mesmo dia em que a Polícia Federal prendeu um banqueiro metido em altos trambiques, acobertado por políticos graúdos, a Câmara Federal aprovou um projeto que visa enfraquecer esse trabalho investigativo da PF.
Isto em um dia só já seria um escândalo de proporções alarmantes, na medida em que só um tolo acreditaria não haver nexo causal entre o rosário de bandalheiras praticadas pelo banqueiro e a ação da Câmara em frear trabalho tão importante.
Todavia, quando se pensava que a bandalheira estava apenas nas tratativas que levaram à aprovação de texto tão bizarro, eis que um componente extra, porém, não menos corrosivo à imagem do poder, surge pra coroar essa comédia de horrores.
O agora deputado Alexandre Ramagem, ex superintendente da Agência Brasileira de Inteligência(ABIN), condenado a 16 anos de prisão em regime fechado por integrar organização criminosa, fugiu do país no rumo de Miami, na calada daquela noite trágica.
Pior. Há quem diga que sua fuga foi acobertada pela direção da Casa, que teria facilitado a troca do chip de seu celular institucional, por um outro adequado à fuga internacional; e, muito pior ainda, mesmo fora do país, empreendendo fuga, votou no famigerado projeto acima citado.
Trata-se do fundo do poço ético, sem aquela mola que atira para fora desse poço aqueles que podem ser dados como passíveis de salvação da execração pública; alguns parlamentares governistas especulam até que aquela votação está viciada e pode ser anulada, ao aceitar o voto de um fugitivo da condenação que pesa sobre ele. Trágico!

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