Entre tantas coisas relevantes, ditas ontem por Lula em entrevista coletiva a sites progressistas, uma chamou a atenção: foi quando aventou a possibilidade de Boçalnaro sair de cena discretamente, como o fez o esbirro fanfarrão João Figueiredo.
Lula evidentemente desdenhava das ameaças reiteradas de golpe contra a democracia, orquestrada nos porões do Palácio do Planalto, caso se confirme o que até aqui se percebe, a derrota iminente do atual presidente, agravada a hipótese de esta ocorrer no 1º turno.
Lula sempre foi muito realista, conforme ficou mais que comprovado a quando da decretação do seu sequestro pelo infame "juiz ladrão", ao não cair na armadilha do pedido de asilo em embaixada estrangeira e ser estigmatizado pela mídia conservadora como foragido.
Por isso, ao desdenhar das possibilidades do golpe boçalnarista, certamente está levando em conta acontecimentos recentes ocorridos nos EUA, que atingem diretamente o projeto marginal do uso da força pelo governo brasileiro para não reconhecer o resultado das eleições.
Primeiro, 69 deputados estadunidenses enviaram carta à Casa Branca protestando contra a inclusão, ainda que provisória, de tropas brasileiras nas fileiras da OTAN, alertando que essa medida reforça belicamente o governo brasileiro e aguça essa obsessão golpista, o que serve de alerta ao governo estadunidense.
Segundo, a Corte Suprema dos EUA rejeitou recurso de advogados trumpistas, que queriam trancar a ação contra a invasão do Capitólio, em 6/1 do ano passado, quando milicianos de extrema-direita, açulados pelo ex presidente, tentaram à força impedir que a autoridade eleitoral homologasse o resultado de novembro de 2020, que sacramentou a derrota do famigerado Donald Trump.
Tanto Trump quanto Boçalnaro lutam, cá e lá, pelo estabelecimento de uma "anocracia", uma situação onde forças conservadoras não reconhecem o atual governo, daí organizarem forças paramilitares a fim de depor o governo saído das urnas e acusados falsamente de fraudadores do pleito, algo que frustrou-se no episódio do Capitólio e poderia ter o Brasil de 2022 como cobaia, processo que começa a ser abortado pela justiça estadunidense e Lula vê com otimismo seu desfecho.
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