Mais de 70% das famílias brasileiras ficaram endividadas no primeiro semestre deste ano. Esse foi o maior patamar de endividamento familiar da série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), iniciada em 2010.
Em primeiro lugar, é preciso diferenciar endividamento de inadimplência. Endividamento é quando as famílias vão buscar crédito (geralmente empréstimos) para pagar contas e manter o padrão de vida. Inadimplência é o não pagamento das dívidas. E ela também cresceu: a proporção de famílias com contas ou dívidas em atraso na faixa de até dez salários mínimos aumentou de 27,1% em maio para 28,1% em junho.
O aumento da inflação — em especial sobre produtos básicos como alimentos, transporte e gás de cozinha –, altas taxas de desemprego, gasolina mais cara, aumento da conta de luz, são os principais responsáveis por 69,7% das famílias brasileiras terminarem o primeiro semestre endividadas.
O campeão no endividamento é o pagamento da fatura de cartão de crédito que corresponde a 81,8%, seguido por financiamento de carros e imóveis (15%) carnês de lojas e crédito pessoal.
Atualmente, quase metade dos lares brasileiros são sustentados por mulheres. Segundo o IBGE, o percentual de casas com comando feminino saltou de 25% em 1995 para 45% em 2018 e já chega a 34,4 milhões. No entanto, pesquisas mostram que, geralmente, mesmo sendo responsáveis pelo sustento de suas famílias, as mulheres brasileiras ganham cerca de 27% a menos do que os homens.
No bojo dessa responsabilidade, as mulheres foram as que mais perderam postos de trabalho por conta da pandemia.
Em 2020, tivemos um aumento 627 mil mulheres em situação de desalento. Enquanto entre os homens, nesse período, o aumento foi de 390 mil. Praticamente o dobro das mulheres foram para uma condição de desalento nesse período.
Uma pessoa “desalentada” significa que desistiu de procurar trabalho por alguma razão: pode ser quem não tinha com quem deixar tarefas de cuidado; quem cansou de procurar; ou não tem recurso para buscar trabalho. Em 2014, a taxa de desalento no Brasil era de 1 milhão e meio de pessoas. Hoje, os desalentados são 5 milhões e 700 mil. Ou seja, o desemprego dobrou e a categoria de “desalentado” quatruplicou.
O prognóstico também não é animador. Neste mês de julho, começa a incidir reajustes de tarifas de energia, pedágio e saneamento, que vão pesar ainda mais nas despesas das famílias e nos índices de inflação, contribuindo para o reajuste de diversos itens da cesta básica.
(Elas Por Elas)


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