Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

segunda-feira, 15 de março de 2021

Alta do preço de alimentos é três vezes superior à inflação


 
"Quando você vai ao supermercado, você agradece ao ministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes? Você olha os preços e pensa ‘Obrigado’?”. Assim se manifestou Luiz Inácio Lula da Silva em postagem no Twitter na manhã desta segunda (15). Na sexta (12), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou que, nos últimos 12 meses, o custo da comida aumentou 19,4% – mais do que triplo em relação à inflação oficial (5,20%).

No mesmo dia, o ministro-banqueiro da Economia, Paulo Guedes, ignorou esta que é a maior onda de alta dos alimentos nos últimos 18 anos. Em mais um surto de mitomania narcisista, disse em entrevista ao portal de notícias ‘Jota’: “Eu entro no supermercado, as pessoas me agradecem. Isso me recompensa mais que qualquer elogio”.

Face mais perversa da derrocada econômica do Brasil sob Bolsonaro e Guedes, a inflação dos alimentos atinge em cheio a cesta básica: óleo de soja (87,89%), arroz (69,80%), batata (47,84%) e leite longa vida (20,52%). Entre os grupos de alimentos pesquisados pelo IBGE, as maiores altas ocorreram em cereais, leguminosas e oleaginosas (57,83%), óleos e gorduras (55,98%), tubérculos, raízes e legumes (31,62%), carnes (29,51%) e frutas 27,09%.

Nesta segunda, o não presidente Jair Bolsonaro apelou para a velha manobra de responsabilizar os outros pelos resultados desastrosos de seu desgoverno. “A política do ‘fique em casa’, feche tudo e destruir milhões de empregos… a consequência está aí”, falou para a claque no Palácio do Alvorada. “Agora todo mundo é responsável… agora quem está com essa política excessiva do ‘fique em casa’? Não sou eu”.

Bolsonaro também instigou seus minions a atacarem os governadores por um suposto aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o diesel e o gás de cozinha. Em nota, o Conselho Nacional dos Secretários de Fazenda (Consefaz) desmentiu o não presidente e afirmou que não houve alteração dos ICMS sobre combustíveis nos últimos anos na grande maioria dos estados.

Além de serem o item com maior peso na composição do IPCA, que fechou fevereiro em 0,86% – a maior taxa para o mês desde 2016 –, as tarifas de combustíveis têm impacto direto sobre o preço dos alimentos. Suas altas quase semanais neste ano, incluindo o gás de cozinha, são resultado da política de dolarização de preços adotada pelo usurpador Michel Temer e mantida pela dupla Bolsonaro-Guedes.

Inflação no Brasil disparou na pandemia

Um estudo da Universidade de Oxford com dados do Banco Mundial mostra que foi no Brasil que os preços subiram mais depressa na pandemia. A escalada começa em maio de 2020, acelera de agosto a dezembro e mantém o viés de alta em 2021.

“No Brasil, isso acabou sendo potencializado, e foi potencializado por conta do câmbio. O alimento que a gente produzia no país, parte dos produtores resolveram deslocar parte da sua produção para o mercado internacional porque gerava uma rentabilidade maior. E isso gerou um aumento médio do alimento maior do que aquele que a gente viu em outras economias mundiais”, explicou Maria Andréia Parente Lameira, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ao portal ‘G1’.

Em contrapartida, os salários tiveram variação real média de menos 0,53%, já descontada a inflação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do IBGE. Os dados são do Departamento de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que também observou que reajustes iguais ao INPC ficaram em 29% das negociações salariais analisadas, e apenas 10% das negociações resultaram em ganhos reais.

“Quanto mais a inflação cresce, no contexto de crise econômica, maior é a dificuldade das negociações coletivas conseguirem repor a inflação, e esta crise econômica com inflação crescente é o pior dos cenários para os trabalhadores”, diz a técnica do Dieese Adriana Marcolino. “O resultado é uma queda brutal no poder de compra”.

“Em geral, com crise econômica e menor demanda, o preço cai, mas o que estamos vivendo é a soma de crise econômica e inflação crescente, o que só demonstra o tamanho do desajuste da economia brasileira”, observa Adriana.

No Brasil, quase triplicou o número de pessoas pobres ou extremamente pobres nos últimos seis meses. Hoje, três em cada dez brasileiros vivem algum nível de insegurança alimentar.

“Quando sobe o preço dos alimentos, a inflação dos pobres é mais alta do que a inflação média do brasileiro em geral. Então é duplamente problemático, pela perda do poder de compra que é reforçada pela redução do auxílio emergencial. Mas todos esses problemas são mais graves entre os mais pobres”, comentou Marcelo Neri, pesquisador do FGV Social.

(Central Única dos Trabalhadores/ Agência PT de Notícias)

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