Por absoluta equivalência na formação intelectual precária de ambos, seria impróprio afirmar que o deputado Daniel Silveira(PSL/RJ) é o Incitatus de Bolsonaro na Câmara Federal.
Todavia, é difícil afirmar que o equino romano, de propriedade do imperador Calígula, cometeria o desatino de atentar contra a instituição que o acolhera, mesmo que por vontade de seu proprietário.
Silveira foi mais irracional e, sabe-se lá o porquê, entre outras aleivosias assacadas contra o STF, aproveitou a ocasião pra festejar o AI-5, que fechou o Congresso Nacional em dezembro de 1968.
O que leva um deputado, eleito pelo voto popular, representante de um poder da República, lembre efusivamente uma página tão infeliz da nossa história em que um complô fascista desrespeitou o voto popular?
Desconte-se o autoritarismo, mesclado à truculência, que caracteriza o comportamento desse parlamentar que o faz viver essa contradição, por isso não alcança os limites e contrapesos impostos ao seu comportamento boçal.
Por isso confunde imunidade com impunidade, isto, tudo indica, um cacoete trazido da sua desabonadora carreira de policial militar; que também o faz trocar o espírito da lei pela conveniência do casuísmo, recorrentemente usado para justificar excessos cometidos.
Eis aí a síntese do bolsonarismo: desrespeitoso, truculento, avesso ao convívio democrático, despreparado politicamente e fascista por natureza, julgando que não aceitar esse tipo de comportamento fora da lei é antidemocrático.
Agora que o STF, à unanimidade de seus ministros, ratificou a decisão monocrática do ministro Alexandre Morais, ontem à noite, mandando prender Daniel, vejamos o que a Câmara Federal decidirá em seguida a respeito de assunto tão delicado.
Se seguirá a letra fria da Constituição Federal, mantendo o deputado preso até o julgamento de seus atos ilegais, ou buscará adjetivações maliciosas que desvirtuem o julgamento e garantam a impunidade do criminoso sob aquilo que Arthur Lira chamou de "precedente perigoso".
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