Alguém que me honra com sua atenção comentou outro dia neste espaço, só não entendo porquê uma cidade como Belém, dita inadministrável, atrai uma penca de candidatos dispostos a enfrentar o desafio de administrá-la.
E eu respondo: não sei. Só sei que uma cidade, um estado e o país não são administráveis, apenas vítimas desse estigma por parte de classes sociais que apelam para o fatalismo ao ver seus representantes fracassarem junto com o receituário de sua predileção.
Desde a escolha da maioria das candidaturas já vem consignado o rótulo do fracasso, por conta de quem patrocinou escolhas e exigirá contrapartidas administrativas que privilegiem interesses bem menores que o comum, mas que a politicagem ressalta.
Dessas onze candidaturas postas à sucessão do privata Zenaldo Jr., dez atendem a necessidades pouco afeitas ao dever de criar políticas públicas que visem o interesse comum; e só a candidatura de Edmilson Rodrigues é capaz de desmentir esse ceticismo fabricado pra absolver a incompetência conservadora.
Nem o deputado emedebista Priante pode afirmar que sua participação obedece a uma saudável disputa de projetos viáveis, na medida em que ela surge após frustrar-se a opção de seu partido pela presença de Úrsula Vidal, diante da demora do governo federal em ceder a área do Aero Club para a viabilização do projeto que alavancaria a candidatura dos sonhos do governador.
As demais candidaturas não passam de variações sobre o mesmo tema: disputa interna pelo espólio conservador que até recentemente tinham Simão Jatene e Zenaldo Jr como detentores; e agora há a necessidade urgente de uma disputa fratricida, com aparência angelical, pelo domínio desse espólio já com vistas a 2022.
Claro que a maioria da população incluindo, óbvio, o eleitorado, desconhece o caráter sórdido dessas tratativas, tanto quanto desconhece como são fabricadas as linguiças, sendo a ocultação desses processos necessária para que não despertem a ira coletiva.
Mesmo assim, as diferenças são tão gritantes que não se permite o erro crasso que nos leve a permanecer na armadilha da politicagem que há dezesseis anos nos faz crer que somos inadministráveis. Não é bem assim.
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