A segurança pública só será digna desse nome quando 'carro prata' for apenas meio de locomoção

O governo do estado anuncia que reduziu em 23% os índices de criminalidade nos três primeiros meses deste ano, comparados ao mesmo período do ano passado.

Pode até ser. Todavia, são números relativos diante de uma realidade absoluta onde a rotina das mazelas que levam à persistência do quadro continuam dando a impressão de ainda não terem sido atacadas.

Carros prata e preto matando desgraçados reféns do tráfico de drogas, assaltos audaciosos continuam sendo praticados e a novidade é a execução dos suspeitos por parte da polícia.

Nesse sentido, não há qualquer indício de avanço na estratégia de combate à criminalidade, persistindo a crença oficial que a intimidação é o único caminho.

É emblemático disso a presença da Força Nacional como aditivo de contingente treinado para a repressão, muitas vezes em situações que exigem outra atitude.

A propósito, a secretaria de Segurança anunciou que prendeu um carro prata em Castanhal, com armas e munição, provavelmente impedindo ação criminosa.

Beleza. parabéns. Mas, e na região metropolitana, onde é diária a presença assassina desse tipo de veículo em execuções recorrentes?

Será que não há uma imagem de câmera que registre e ajude a identificar o tal carro(s) prata, embora seja possível ver a vítima e a execução?

É inegável o esforço e a competência da nova cúpula da segurança pública paraense, principalmente em relação ao general do governo passado, que diziam as más línguas não conseguia ir sozinho da Almirante Barroso a Nazaré.

Mas essa competência precisa sair dos currículos e adentrar nas ações, em planejamento estratégico onde a inteligência e interatividade com a população sejam elementos fundamentais.

Isto implica, fundamentalmente, na ação preventiva intermitente capaz de fazer a população sentir-se segura e colabore e participe a médio prazo do policiamento. Ou seja, mais inteligência e menos repressão. Ou não?