Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Famílias do acampamento Hugo Chávez estão desamparadas pelo Estado


Recomeçar depois de muitas lutas não é fácil. É preciso se apegar a sonhos para construir novamente um teto, uma escola, colocar as roupas molhadas no varal e, aos poucos, preencher com esperança o espaço que ficou vazio. É assim que as famílias do acampamento Hugo Chávez, em Marabá (PA) têm levado os dias depois que foram despejadas na quinta-feira passada (14) por determinação da Justiça do Pará, faltando dez dias para o natal.

As 300 famílias foram acolhidas no assentamento 26 de março, que também fica na rodovia BR-155. Polliane Soares, da direção estadual do MST, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, relembra momentos de aflição das famílias quando começou a chover na noite no dia seguinte ao despejo

Darci Frigo, presidente do Conselho Nacional dos Direitos Humanos, afirma que “não existe despejo sem violação de direitos humanos”.

“Quando você realiza um despejo você retira a possibilidade das pessoas realizarem os seus direitos: ao trabalho, a moradia, a um lugar para ficar de forma pacífica e poder ter um abrigo decente. Você tira a possibilidade das pessoas, através do trabalho, terem acesso a alimentação. Cria-se uma situação que desarticula a possibilidade de muitas crianças terem acesso ao direito à educação e à saúde, que nessas circunstâncias já é bastante precário”, argumenta.

As famílias no assentamento estão sem água potável no momento. O movimento está providenciando uma bomba d’água e instalarão na área três caixas d’água. Até lá, para tomar banho, lavar as roupas e fazer comida as famílias têm utilizado a água que passa em um córrego próximo do assentamento.

A escola foi improvisada em um prédio de alvenaria, e os 138 alunos que estudavam na escola do assentamento Hugo Chávez que tinha sido construída pelos sem terra, agora têm aulas em um espaço menor.

Elida Cristina Rocha e Ernesto Barbosa Soares, ambos de 12 anos, sentem faltam da escola antiga e com uma baladeira na mão o menino tímido explica: “Porque a de lá [escola] tinha mais vida tinha mais alegria, a gente podia brincar, tinha mais espaço”.

Apesar de terem visto seus pais desmontarem as casas para levarem pedaços de madeira, deixando plantações, vendo seus cadernos da escola molharem, e ainda perderem o pouco que tinham, muitas crianças ainda brincam e sonham como Elida:

– Qual o teu sonho Elida?

– Ah, meu sonho é ganhar minha terra.
(Brasil de Fato)

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