Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

O gênio da América e do Brasil profundos não quer mais voltar para a garrafa

O falso policial federal e produtor da Globo quer ser presidente para “acabar com a corrupção”

Eventos trágicos como o do atirador de Las Vegas, Stephen Paddock, que matou 58 e feriu quase 500; ou a inexplicável tragédia na qual um vigia de uma creche no norte de Minas Gerais jogou álcool nas criança e nele mesmo e ateou fogo para matar 10 crianças e deixar mais 23 feridos, sempre causam consternação e revolta pela crueldade inexplicável.

Porém, apesar da barbárie que sugere atos de pessoas enlouquecidas, foram ações aparentemente premeditadas de maneira fria e calculada.

Mas fica a percepção da irracionalidade, do inexplicável, da brutalidade aleatória onde, para tentar buscar alguma racionalização, a grande mídia coloca diante das câmeras os tradicionais especialistas-informação-de-pauta como psiquiatras, psicólogos, delegados e médicos forenses. Isso quando não entram em cena teóricos da conspiração falando de algum projeto secreto de controle mental governamental (como o MK Ultra, p. Ex.) no qual um indivíduo preparado através de drogas ou traumas psíquicos teria a personalidade propositalmente fragmentada para comandos serem ativados por determinados sons, palavras ou ações.


Armas e Fetiche

No caso norte-americano, é no mínimo espantoso o tom de “freak out” (apresentadores e comentaristas consternados e abalados) da grande mídia num país no qual a indústria do entretenimento fetichiza armas: as bebidas alcoólicas e cigarros podem ser extirpadas de filmes e séries (ou colocadas somente na boca dos vilões), mas as armas continuam em cena pela força do lobby da indústria armamentista.
Num país no qual a arma é um fenômeno eminentemente estético (a percepção de segurança e liberdade) – quanto mais velho o ator (ou o norte-americano comum), mais armas deve possuir para provar que ainda tem “munição” e de que a impotência se foi! Quanto mais velho, maior o arsenal bélico – sobre isso.

O fascínio pelas armas nos EUA pode ser um fenômeno cultural – acredita-se que torna o país mais seguro, além da arma representar, no imaginário do norte-americano médio, a defesa do cidadão contra um possível governo totalitário. Porém, a indústria do entretenimento é o horizonte de eventos dessa cultura.

Assim como nos buracos negros, o horizonte de evento é o ponto de não-retorno no qual “os pensamentos viram coisas”: não conseguindo superar a velocidade escape, produtos de entretenimento tornam-se formas semi-autônomas através das energias psíquicas que atribuímos a eles. Estamos no campo da hipótese sincromística – através de um contínuo midiático atmosférico capaz de criar forma-pensamento no mundo ficcional (mas não ilusório) que em dadas circunstâncias (o vácuo mental de indivíduos que acreditam serem suas próprias ideais) podem entrar em contato com o mundo real (assassinatos seriais) – sobre isso veja os links no final da postagem.

Falso policial federal com crachá da Globo

No Brasil, dois eventos marcaram o noticiário recente, distantes no tempo e no gênero de notícia: o primeiro, uma trágica hard news; e o outro, um chamado “fato diverso” do noticiário policial, porém não menos sintomático. Exemplos dessa hipótese sincromística, dessa vez na densa atmosfera política e social na qual o Brasil está mergulhado.

A suposta “doença mental com delírio persecutório” do vigia Damião dos Santos que cometeu o bárbaro crime em Minas Gerais foi coberta pela mídia corporativa como um episódio isolado, em algum lugar atrasado e pobre no interior do País. Mas nesse episódio podemos encontrar elementos sintomáticos com outro episódio que foi deslocado para a editoria das notícias policiais na imprensa.

Em São Paulo um homem se fazia passar por policial federal para estuprar e roubar mulheres no bairro nobre do Jardins, em São Paulo. Adson Muniz Santos, ex-vereador da cidade de Jussiape (Bahia) também apresentava um falso crachá de produtor da TV Globo.

O criminoso dizia ter “influência política” para resolver problemas das vítimas. Preso, diante das câmeras e na porta do camburão, fez uma mini coletiva para a imprensa cercado de microfones: “meu foco é chegar à presidência para acabar com a corrupção e por fim a tantas mortes no País…”, disse sério – diante da mídia, repetiu prontamente o script martelado diariamente pela TV e rádio.É sintomático as duas personagens que performava para sentir-se poderoso e acima de qualquer suspeita: policial federal e produtor da TV Globo – todo sentido após anos da dobradinha judiciário-grande mídia para desestabilizar os governos lulo-petistas.

“Fatos diversos” sem contexto

O tratamento isolado como “fato diverso” dado pela grande mídia (sem dar o devido contexto) encobre que, desde o momento em que a meganhagem judiciária tomou diariamente conta das telas (forças tarefas federais, procuradores e delegados com ares graves e poderosos em coletivas, policiais federais armados até os dentes com touca ninja negra e com seus indefectíveis personagens saindo às ruas para conduções coercitivas – o “japonês da federal”, o hipster, o sarado, a “gata” loira etc.), o fenômeno foi acompanhado pela proliferação de pequenos escroques, criminosos e golpistas que parecem emular esse fascínio por poder, armas e coerção.

Por exemplo, no interior de SP bandidos criaram uma Operação Lava Jato fake se fazendo passar por juízes e procuradores para extorquir empresários com telefonemas ameaçando sobre supostas investigações que poderiam ser paradas caso fossem pagas propinas aos criminosos.

No início desse ano um falso policial federal com jaleco, carteira e distintivo foi preso em flagrante extorquindo vendedores ambulantes em São Paulo. Abordado por policiais militares ainda tentou dar uma “carteirada” para tentar intimidá-los.

Um homem de 41 anos foi preso pelos crimes de extorsão e estupro. Morador em condomínio em Itu/SP era chamado pelos vizinhos de “doutor” – andava com fardas e dizia ser militar e que, recentemente, teria passado num concurso para juiz federal e aguardava ser chamado. Passando-se por policial federal dizia fazer “parte de um esquema” para dobrar os investimentos das vítimas.

Basta uma rápida pesquisa no Google, para perceber o rápido crescimento, nos últimos anos, de “fatos diversos” no noticiário sobre golpes de falsos policiais federais ou juízes.
(Revista Forum)

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