Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Agente do suborno foi mais à Câmara levar propina do que certos deputados trabalhar


Segundo o ex-diretor da Odebrecht Cláudio Melo Filho, hoje delator da Lava Jato, ele  esteve ao menos 194 vezes na Câmara Federal, de janeiro de 2005 a dezembro de 2015,  em dias - ou em datas muito próximas - que foram votadas medidas provisórias de interesse da empreiteira no Congresso, e que, segundo disse ele em depoimentos, geraram pagamentos de propina a parlamentares.

Se bobear esse número de 'visitas' pode ser maior do que o número de vezes que muitos parlamentares foram ao que deveria ser seu local de trabalho, isto é, a sede do Poder Legislativo. O farfalhoso e escroque deputado paraense Wladimir Costa, por exemplo, deve ter tido frequência muito próxima desse agente da propina.

De qualquer modo, a revelação ajuda a dar mais consistência à outra revelação tão bombástica e deplorável quanto essa: o suborno de 140 deputados pra votar a favor do impeachment de Dilma, mesmo sem convicção da culpa da presidenta deposta, mas por motivos infames agora revelados.

Da mesma forma, fica mais clara a relação promíscua das empreiteiras com integrantes dos poderes constituídos, sendo a principal com o Poder Legislativo, ao contrário do que fez supor o tucano togado Sérgio Moro, cuja obsessão em aniquilar Lula o levou a seguir pistas erradas ao ponto de comprometer a credibilidade da investigação que comandou de forma desastrada, arbitrária e criminosamente partidarizada.

Lula vive no mesmo imóvel há mais de duas décadas, leva o mesmo padrão de vida e mesmo tendo sua vida particular arbitrariamente revirada pelo avesso não pode ser acusado de absolutamente nada conclusivo contra si.

No entanto, mais que delações e revelações de documentos, percebe-se que Eduardo Cunha, seu empregado Michel Temer, o amigo deste José Yunes, o manjado no mundo do crime organizado doleiro Bolonha Funaro, Aécio Neves, José Serra e mais uma chusma de malfeitores tiveram praticamente desenhada sua participação nessa ladroagem cometida por servidores públicos, subornados por executivos de grandes empreiteiras, sem que a malsinada força-tarefa daquela investigação brancaleone mova uma palha pra seguir o dinheiro.

Agora, nessa encruzilhada em que o golpismo foi posto pelos fatos, não cabem mais torpes convicções de fanáticos religiosos em substituição ao que determina a legislação do país, muito menos tem qualquer valor jurídico um power point parido em masmorras a fim de dar verossimilhança ao fundamentalismo religioso que vê no contrário um agente do capeta.

É hora da sociedade cobrar dos poderes públicos uma ação auto higienizadora. Assim como a população adotou um grito só de carnaval nos quatro cantos do país, o 'Fora Temer'. É preciso que Poder Judiciário e Ministério Público tomem juízo e façam aquilo que esperamos deles.

E que o grito do carnaval continue ecoando mesmo após o término da folia. Afinal, devemos superar as cinzas que o golpismo nos impôs, fazendo com que a democracia volte a reinar no país perenemente, e não apenas quando convém ao golpismo. 

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