Lendo no Diário do Pará, de ontem/hoje, matéria da sempre oportuna Ana Célia Pinheiro a respeito do gasto governamental com eventos, além da dinheirama gasta por quem vive de tungar direitos, o cinismo no proceder é o que mais chama a atenção.
Por exemplo, na Feira do livro, ainda segundo Ana Célia, foram gastos 97.000,00 com compra de camarões, bacalhau, salmão, o caríssimo queijo roquefort a fim de fazer os mais sofisticados pratos da culinária internacional. E a justificativa: as refeições de convidados e funcionários.
Será que existe alguém tão imbecil que acredite que aquelas pessoas designadas pelo governo pra trabalhar na dita feira, as mesmas que sofrem caladas com o arrocho promovido porque são da cozinha de Simão, de fato, comeram essas iguarias?
Claro que não. Pra esses, deve ter sido servida uma quentinha de alguma boieira amiga de alguém do terceiro escalão, mas muito próximo do segundo escalão, que indica ao primeiro, pois este não se 'suja' com essas quinquilharias.
Carne assada, feijão, arroz, macarrão e farofa, tudo misturado, deve ter sido a pièce de résistence das refeições dadas aos servidores.
Os itens sofisticados pagos pelo contribuinte certamente foram devorados em outros regabofes que nada tinham a ver com o evento, antes, ao contrário, deviam ocorrer paralelamente na mesa desses oportunistas que nã perdem a ocasião de usufruir do bom e do melhor às custas da população.
É a típica apropriação da coisa pública por uma burguesia que se faz sua proprietária a ponto de dispor até dos direitos alheios. Se esses direitos atrapalham a tal apropriação indébita, corte-se os tais na medida em que uma corte de parasitas que se acham tão bacanas não pode prescindir desse modus vivendi.
Quanto ao desgaste que isso poderia acarretar, há um aparato midiático partícipe desse banquete sempre apto a zelar pela impunidade. Simples assim.
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