Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Os problemas da convocação de um plebiscito


Quando Janio Quadros renunciou, o povo queria que o vice assumisse. Quem não queria era o PSDB da época, a UDNe os milicos asseclas da ideologia da 'guerra fria'. Foi isso que forçou Tancredo Neves a buscar a  solução salomônica do parlamentarismo, vigente até Jango tonificar-se politicamente, convocar um plebiscito e derrotar de goleada o artificial e passageiro regime, resgatando as prerrogativas constitucionais do cargo que ocupava.

O resto da história todo mundo sabe, agora até os jovens que não viveram aquele período de usurpação da democracia, tal e qual ocorre agora, apenas trocando o protagonismo da farda verde oliva pela toga/mortalha.

Nesse sentido, o resgate do mandato de Dilma através da declaração de que, derrotado o impeachment no Senado, Dilma deveria convocar um plebiscito a fim de que a população decida se quer eleições presidenciais antes do prazo previsto, 2018 traz mais problemas do que as soluções aparentes.

Decididamente essa solução é ainda mais ineficaz do que a operacionalizada por Tancredo. Aquela, pelo menos, abreviou a volta de Jango ao país proporcionando uma pacificação ao menos temporária. O plebiscito atual tem tudo para adquirir contornos absurdamente pirandellianos, na medida em que a renúncia de Dilma, a fim de viabilizar uma nova eleição pode não ser, obrigatoriamente, seguida da renúncia do vice de Dilma que, como no caso do casal que fez pacto do suicídio, não verá mais uma das partes cumprir o que se havia obrigado, já que o obstáculo foi removido com a morte da outra parte. Se Dilma renunciar, Temer assume naturalmente podendo mandar MP ao Congresso revogando todos os compromissos assumidos pela antecessora

Além disso, bruscamente abrir mão do mandato legitimamente conquistado, contribuindo para que muitos dos problemas do país surgidos com a trama golpista tenham seu debate adiado parece um retrocesso em relação ao que a sociedade espera.

Infelizmente, a solução da convocação do plebiscito não parece viável nesse momento, assim como não faria antes da consolidação do golpe na medida em que serviria de trunfo nas mãos de Temer para fazer a negociata que lhe conviesse e o livrasse da cadeia, talvez até colocando-o como ministro STF, na agradável companhia de Gilmar Mendes.

Resta, então, ver a reação do povo, caso o corpo a corpo no Senado não reverta a situação que se vislumbra, a de que Dilma será afastada definitivamente. Esse afastamento definitivo deve fortalecer o grupo golpista e sua ponte para subtrair direitos sociais. Arrocho salarial, desemprego em alta , fim de direitos trabalhistas e tudo o mais certamente levarão o país à convulsão, consequência natural dos golpes perpetrados contra a democracia.Sempre.  

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