Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Mudança cosmética

Fim dos autos de resistência é grande conquista, afirmam lideranças petistas

Não há praticamente avanço algum na troca da expressão "auto de resistência" para "homicídio em decorrência à oposição da investigação policial", daí ser fortemente procedente a crítica da Anistia Internacional à Resolução do Conselho Nacional de Segurança Pública que substituiu a primeira expressão citada pela segunda, como forma de combater o trabalho policial generalizado no país que vê jovens negros, de origem humilde e morando nas periferias das grandes cidades como suspeitos de produzir a violência que ora atormenta a vida dos brasileiros.

Com efeito, persiste o mecanismo disseminado na época da ditadura civil/militar, quando servia para dar legitimidade à tarefa de perseguição política e hoje é ferramenta valiosa pra produzir álibis a policiais truculentos. Além disso, contribui para solidificar os paradigmas militares no trabalho da polícia contra a sociedade civil principalmente, repita-se, aquela residente em bairros mais populares.

Infelizmente, notamos uma posição tímida de alguns parlamentares petistas no trato desse assunto. Ao chancelar a medida cosmética, corre-se o risco de jogar pra baixo do tapete uma discussão que já foi mais relevante dentro do Partido dos Trabalhadores. Mais grave essa atitude, dado o momento vivido pelo país, quando a violência contra jovens e negros atingiu índices vergonhosos em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo.

Decididamente não fica bem deputados petistas adotarem uma postura conciliatória, ainda que justifiquem ser esta uma postura provisória que prepara avanços mais à frente. Trata-se de extirpar definitivamente o mais abominável dos maus hábitos herdados dos tempos da truculência institucionalizada, daí não haver espaços para arranjos que atendam aos clamores populares e fechem os olhos à violência do estado.

É mais uma oportunidade que se perde de fazer o debate na sociedade e pressionar os poderes constituídos a escutar a voz rouca das ruas. Decisão tomada entre quatro paredes e chancelada por quem a tradição de só decidir após a manifestação popular leva ao acomodamento e adia, sabe-se lá pra quando, a conquista de uma das mais caras aspirações populares. Uma pena!

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