Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Leituras do cárcere


Preso político do degenerado tucano/togado, Zé Dirceu está lendo na prisão "Diários da Presidência", vagas e convenientes lembranças do 'Príncipe da Privataria'. Curiosa é a justificativa para a a leitura: "Eles podem voltar a governar o país. Precisamos saber como pensam".

Talvez, o tempo em que gastou, na última década, a defender-se da perseguição política movida contra si até pela elite boçal deste país, que o odeia mais precisamente desde 1968, o encarceramento absurdo tenha comprometido aquilo que tinha de mais extraordinário em sua militância: a capacidade de analisar a conjuntura. Agora, platonicamente colocado em uma caverna, mal vê a realidade através de reflexo da luz.

É o que explica a suposição de que tucanos voltem a governar o Brasil em um ambiente democrático e sem golpismos. Basta olhar o cenário das grandes capitais brasileiras, onde não há um tucano sequer que seja competitivo na disputa municipal deste ano, muito menos que haja governadores privatas com prestígio suficiente pra reverter essa situação.

Assim, possivelmente chegarão os tucanos em 2018 bem menores do que chegaram em 2014, além de também atingidos pelo desgaste que tentaram impingir aos adversários, através do ardil de criminalização da política, na vã suposição da blindagem midiática os fazer escapar ilesos da indignação popular. Pelo contrário, tanto eles quanto a mídia de dedo sujo acabaram por ser atingidos pela merda que atiraram no ventilador.

Some-se a isso a nova forma de disputa eleitoral, com forte retração da influência do poder econômico, e constataremos que a cumplicidade DEM/PSDB é o segmento partidário mais atingido pela decisão histórica do STF, em proibir o financiamento empresarial de campanhas eleitorais.

Nesse sentido, sem um golpe oriundo da judicialização da política, as chances do PSDB chegar ao poder parecem remotíssimas. Mesmo que chegue pela via do golpe, não governará um país pacificado e obediente ao império da normalidade institucional. Ao contrário, governará uma nação dividida e conflagrada, com significativa parcela da sociedade questionando sua legitimidade.

Como leitura em situação tão adversa, até justifica-se que Dirceu a faça. No entanto, enquanto apreensão de diretrizes que contribuirão para interpretar as iniciativas de um futuro governo, soa como passatempo inútil. Como inútil tornou-se quase tudo que, desde muito tempo, falou e escreveu essa figura incessantemente decadente que é o 'Príncipe da Privataria'.

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