Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Chame o ladrão!


Eis aí o resultado da adoção subserviente do 'entulho autoritário' advindo dos tempos da ditadura militar/empresarial, genialmente avacalhado pelo compositor Julinho da Adelaide, ou melhor, Chico Buarque de Holanda, que, em desespero pela iminente ameaça da presença em seu barraco, tratou de chamar o ladrão.

Segundo pesquisa do Datafolha, 62% dos moradores das cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes cagam-se de medo das respectivas polícias militares dessas cidades. O perfil dessa parcela aterrorizada é composto de pobres, pretos e nordestinos, demonstrando que a perseguição deslocou-se de desafetos daquele regime de exceção e hoje atormenta a vida daqueles a quem a legislação do país vira de costas e o sistema de segurança os trata como ameaças à ordem e tranquilidade nacionais.

Os famigerados programas policialescos criados para noticiar o extermínio de militantes políticos como sendo oriundo de fatos ocorridos no âmbito da criminalidade comum, hoje funcionam como fator de intimidação desse universo populacional, além de zelar pela famigerada impunidade desse agentes da lei useiros e vezeiros em postar-se à margem dela.

Com efeito, esse medo quase unânime, em alguns lugares passa dos 80% o número dos que vivem em pânico, não decorre de uma situação em que a segurança pública, de repente, perdeu o controle da criminalidade, mas, tem como causa principal a adoção de um comportamento à margem da lei, por parte de seus agentes públicos, valendo-se de uma "exitosa" experiência adotada durante o período discricionário que vivemos a partir de 1964, atravessando incólume o famigerado modus operandi até os dias atuais e como fator de intimidação de classe.

Curioso como essa prática parece querer voltar à política por meio da criminalização de alguns desafetos da elite contra os quais também é permitido prender primeiro e investigar depois, enquanto outros, apesar das evidências delinquentes, continuam sob a guarda do republicanismo que, quando sabe com quem está falando, deixa pra lá. É a redenção pelo uso da força, sem questionamentos e sem investigações mais profundas. A cúmplice cobertura da mídia se encarrega de dar verossimilhança. Evitando convenientemente usar o termo "redenção". Afinal, a semelhança histórica, apesar de não ser mera coincidência, precisa ser negada sempre. Credo!

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