Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Barbalho falou. Mas,como sempre, escondeu o principal


Barbalho foi à tribuna do Senado, ontem(06). Não sei se foi a primeira vez desde que um ministro do STF ensinou-lhe o caminho das pedras fazendo-o assumir o mandato em dezembro, já que a posse na data legalmente prevista, janeiro, esteve sempre sob chuvas e trovoadas jurídicas.

Também não importa o caráter de debut, ou não. Importa que foi marcado por um dèja vu surrado, típico dos  coronéis da política local, sempre prontos a recorrer ao álibi da discriminação contra o Pará quando seus planos de tirar vantagens em tudo dão errado.

A fala de Jader foi um autêntico baile da saudade nesse sentido com lamúrias diversas, acompanhadas da citação de fatos estarrecedores, caso representassem a plena verdade dos fatos. Barbalho reclamou, por exemplo, da Vale ter engavetado o projeto da construção de uma siderúrgica, em Marabá(PA) e agora conseguir financiamento do BNDES e de um banco coreano pra construir uma siderúrgica no porto do Pecém, no Ceará, onde, segundo Barbalho, não se produz um kilo de ferro sequer e o processamento é feito exatamente sobre o minério que sai das minas paraenses.

Mas o senador só conta dessa missa um terço. Silencia, por exemplo, a respeito da sua responsabilidade política nessa consequência, ao omitir a advertência feita pelo ex-governador Almir Gabriel de que Simão Jatene, candidato do PSDB ao governo do estado, em 2010, era bancado por José Serra e pela Vale. E a Vale sempre foi contra a ALPA por sempre entender que tanto fazia vender sua commodity no Pará ou na China, não fazia diferença, sendo até pior faze-lo por aqui na medida em que isso implicaria em mais investimentos que a direção da companhia julgava inconvenientes àquela altura.

E Barbalho abandonou a aliança com o PT, determinando peremptoriamente que o PMDB embarcasse de mala e cuia na canoa tucana, governo a que serviu até quando a outra concubina midiática de Jatene bateu na mesa e ameaçou: ou ele ou eu. E Simão rompeu com o partido de Jader e manteve sua parceria com o Grupo Liberal.

Como bem diz o senador, o engavetamento do projeto ALPA deu-se em 2012, quando o governador passou à opinião pública, certamente em atendimento aos interesses econômicos da Vale sua patrocinadora, que o projeto só era viável após o derrocamento do Pedral do Lourenço. No entanto, só ontem Barbalho resolveu botar a boca no trombone e assim mesmo economizando na emissão de suas notas notas musicais, por saber que executar todos os acordes da melodia não lhe seria conveniente.

Reclamou, ainda, das três licitações, para a obra do derrocamento, que não tiveram concorrentes. Só não disse o porquê. Claro. Se o fizesse, necessariamente teria que lembrar da célebre reunião com o Ministério do Planejamento, em que este comprovou que o projeto apadrinhado por Jader trazia embutido um sobrepreço de cerca de R$200 milhões. Teria que dizer, também, que a ministra cobrava parceria da Vale pra bancar os custos daquela obra. Afinal, a mineradora seria a maior beneficiária do investimento, merecendo, também, esse aspecto do debate o conveniente silêncio barbálhico.

Desfecho do caso, PSDB e PMDB locais uniram-se em torno dos interesses da mineradora Vale, em prejuízo gigantesco aos interesses do Pará. Agora, a tão sonhada siderúrgica será construída às proximidades de um porto cearense, legando aos paraenses a continuação da condição de colônia, com todo o atraso econômico que isso implica e nos deixa na situação de atraso em que nos encontramos; e aos mentores dessa farsa o triste papel como o encenado por Jader Barbalho, ontem. Lamentável!     

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