Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

domingo, 5 de abril de 2015

FHC: da realidade à ficção


FHC há muito deixou de ser um personagem da vida política brasileira para se tornar um personagem de ficção. Uma espécie de Aureliano Buendía com os sinais trocados, ao tentar pintar de azul a memória do povo brasileiro em relação ao período que governou e foi brindado com a triste fama de "pior presidente da história do país".

Não que em algum momento fosse um estadista, longe disso. Sua trajetória política é recheada de episódios torpes cujos atos, caso fossem praticados por alguém menos paparicado pela mídia, estaria na mesma vala comum dos mais execrados do país. Nem se lembre o estelionato cometido contra Itamar Franco e Rubens Ricúpero, que mereceu do primeiro as mais contundentes críticas ao farsante, além da mágoa que Itamar levou para o túmulo, fruto da famigerada apropriação indébita de FHC do Plano Real.

Não falemos também da compra da reeleição, fruto da visão mais tacanha que um político provinciano pode ter pra perpetuar-se no poder, em contraste a imagem de intelectual educado na Europa; assim como não falemos também no bizarro episódio em que usou seu prestígio para desterrar uma repórter global sua amásia e grávida do então senador FHC, sordidez convenientemente ocultada pela mídia partidarizada e delinquente. São fatos já bastante conhecidos e que contribuem para que o povo brasileiro fuja da privataria como o diabo foge da cruz.

Porém, uma coisa vem chamando a atenção nos últimos tempos. É a saudade indisfarçável que FHC tem do exercício do poder. Sofre por saber que jamais retornará por vontade popular e que nenhum tipo de ruptura teria a ousadia de ungi-lo sem causar revolta popular.

Diante dessa impossibilidades, recorre ao sonho acalentado a vida toda. O de tornar-se primeiro-ministro do país dirigindo um colegiado conservador, nos moldes israelenses, isto é, sob tutela estadunidense, vale dizer, sem risco de incômodos sucessórios.

Passou a vida toda sonhando com isso. Nos piores momentos do governo Sarney, propôs essa solução como forma de sair da crise, obviamente com ele, FHC, como primeiro ministro. Sarney, lógico, ignorou. Depois, tentou aproximar-se de Collor, no meio da crise que levou à deposição do hoje senador petebista. Mário Covas barrou e foi vítima da vingança do correligionário que, ao assumir a presidência da República, em 1995, decretou intervenção no BANESPA à revelia do governador paulista.

Hoje, quando vive de emitir palpites infelizes, parece tencionar apagar incêndio com gasolina, à espera do êxito do quanto pior melhor. Enquanto isso, o lambaio/salafrário Freire acalenta o malsinado sonho prometendo apresentar ao exame do Congresso Nacional uma Emenda Constitucional que transforme nosso regime de presidencialista em parlamentarismo.

Não gastemos vela com esse zumbi de armário de oportunista. É largamente sabida a rejeição do povo brasileiro à solução, demonstrada em goleadas colossais que esse regime sofreu quando foi submetido a plebiscito.

Fica, então, a convicção que FHC morrerá sem realizar esse sonho. Ao contrário do general de outro romance de Gabriel Garcia Marquez, envolto em memórias desabonadoras e de batalhas que preferiu evitar usando os mais torpes ardis políticos. Seu labirinto será povoado por figuras tristes como Álvaro Uribe, Vicente Fox, Alberto Fujimori, fora os lacaios privatas que o rodeavam e ajudaram a quebrar o país algumas vezes. Triste!

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