Jorge Paz Amorim

Minha foto
Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

domingo, 30 de novembro de 2014

Metas modestas não garantem mudanças nos hábitos


A praticamente uma rodada do final do final da Série A e com a finalização da Série B do Campeonato Brasileiro, é quase certo que Santa Catarina terá quatro representantes no campeonato do ano que vem, número superior ao do Rio de Janeiro caso o Botafogo caia como é quase certo até aqui.

Santa Catarina tem pouco mais de 6.700 milhões de habitantes, distribuídos em um pequeno de território de pouco mais de 95 mil quilômetros quadrados, algo que o ajuda a ser um dos estados com melhor qualidade de vida do país, embora isto não leve necessariamente à associação mecânica entre desenvolvimento econômico e futebol de primeira linha. O que ocorre precisa ser avaliado à luz da administração de cada um desses clubes é a eficiência alcançada, que obrigou os demais a saudável concorrência entre eles. Assim, de olho no sucesso do Figueirense, de longe o de histórico mais exitoso ao longo dos últimos dez anos, os demais arrumaram suas respectivas casas e vêm obtendo resultados semelhantes, Chapecoense vice da B do ano passado, atrás apenas do Palmeiras e Joinville campeão deste ano, além, como já referido, de quatro clubes na A e um na B, proporcionalmente o melhor status nacional.

Eis aí, sem dúvida, um bom espelho pro Papão mirar-se e tentar desenvolver desse exemplo seu planejamento pro futuro. O Pará tem um território mais de dez vezes maior que Santa Catarina e tem quase 1,5 milhão de habitantes a mais, logo, material humano espalhado por todo o nosso território não é problema pra crônica escassez de mão de obra local, que nos obriga a importar recorrentemente em grande quantidade, sem que esta responda aos anseios qualitativos.

Por isso, causa preocupação o pensar modesto expressado pelos novos dirigentes, para quem é preciso estabilizar-se na Série B e só depois pensar em ascensão. Metas modestas fatalmente produzem efeitos modestos, justamente porque operados por mão de obra treinada para tal. Quem lembra do time da Chapecoense que ascendeu da Série C à B e posteriormente à A lembra de pelo menos dois jogadores que se tornaram muito conhecidos por aqui: Bruno Rangel, com passagem sem brilho por clubes locais; e Athos, de desempenho ainda mais apagado pelo Remo, no início deste ano. No entanto, brilharam intensamente no meteórico time catarinense.

Isto mostra que não devemos ficar reféns do binômio metas modestas/megalomania de cartolas desmiolados, e sim uma mudança de atitude vinda de cima pra baixo, onde as metas devem estar intimamente ligadas ao bom desempenho coletivo do plantel, fruto de um comportamento profissional decorrente mais da exigência do empregador do que uma concessão do empregado, concessão essa a que nem todos se obrigam, daí resultando mais revezes do que triunfos.

Um pequeno exemplo disso reside na comparação dentro do próprio Paissandu. Os jogadores do início da Série C eram praticamente os mesmos do final da competição. Todavia, o desempenho foi totalmente diferente porque houve flagrante mudança de atitude nessa reta final, onde prevaleceram nitidamente o profissionalismo, a entrega, a opção pelo jogo coletivo, enfim, algo que parece estar na raiz do sucesso do futebol catarinense. Que haja uma mudança nos maus hábitos arraigados e difusos por aqui vigentes. E dessa nova forma de encarar as coisas surjam as metas.

Nenhum comentário: