Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A recuperação da memória partidária


A direção nacional do Partido dos Trabalhadores contratou uma empresa especializada pra fazer uma pesquisa que identifique a origem do ódio que o partido atraiu de um certo tempo pra cá, principalmente após as manifestações de junho do ano passado.

Não tenho certeza se essa pesquisa trará à tona alguma causa nova motivadora dessa reação, mas é quase certo que velhos preconceitos represados em alguns segmentos sociais explodiram e revelarão algo não tão novo assim.

Penso que o PT é legatário do ódio que despertaram Getúlio Vargas e João Goulart, governantes de origem popular apeados do poder por ousarem não rezar pela cartilha do establishment. Naqueles tempos, tínhamos a Tradição Família e Propriedade, uma organização de fanáticos religiosos influenciados pela Klu Klux Klan que pregava o ódio racial e o ódio ao comunismo; e depois, o Comando de Caça aos Comunistas(CCC), tropa formada por estudantes de classe média que faziam as vezes dos vários grupos que hoje vão às ruas vociferar contra a política de modo geral, mas rasgam bandeiras vermelhas e até são usados inocentemente na medida em que não percebem que uma parcela mais conservadora de políticos acaba tirando proveito dessa indignação manifestada atabalhoadamente.

Assim como Getúlio, o PT deu um caráter de empresa nacional a Petrobras. Assim como Jango, o PT comandou conquistas sociais impensáveis há quinze anos, além de manter-se resiliente como nunca dantes ao golpismo. Como os métodos usados pela direita tupiniquim são os mesmos dantanho e não há novidade nisso, afinal, a mídia que protagonizou a difusão desse ódio é a mesma, a classe política que engrossa esse couro é herdeira daquela e parte da igreja idem, aumentou a taxa de ódio manifestado.

Talvez, o fato novo que não se quer encarar seja de origem mais endógena. Depois da primeira eleição de Lula, o PT foi pouco a pouco afastando-se das ruas e virando refém do governo. Claque diante dos acertos e silente ante os erros. Permitiu que a mídia difundisse para uma população desorientada suas versões a respeito da imagem da mesmice que construiu do partido ao longo de fatos decisivos ocorridos ao longo desse período, enquanto o este parecia mais empenhado em avaliar o tamanho do espaço que ocupava na burocracia estatal.

Graças as redes sociais a situação não ficou ainda pior e a direita não se apropriou da sociedade, conforme ocorrera em 1964. Felizmente, todas as tentativas da reação acabaram dando em frustração(vide o mequetrefe 'Cansei!'), restando a apropriação parcial das manifestações difusas de junho do ano passado, mas até isso foi uma ação mais retórica do que concreta atestada pelo fato da Globo ser obrigada a cobrir essas manifestações de seu helicóptero, já que seus repórteres eram sistematicamente enxotados quando identificados.

Hoje as ruas parecem ter virado 'terra de ninguém', indiferentes à pregação raivosa e reacionária da direita e orfãs de uma pauta mais progressista que empolgue novamente. Sem-Teto; Sem-Terra; LGBT; Mulheres; Reforma Política e respeito à decisão soberana do povo são alguns dos temas que estão a clamar pela volta de petistas às ruas para dar suas contribuições à democracia. E sem o temor de ter que dar justificativas pelo que o governo faz. Com efeito, há que se defender, criticar e até bater de frente com o governo ou com os movimentos sociais quando ficar claro que algo só se materializou dada a correlação de forças que ensejou tal resultado. Não se trata de nostalgia, e sim de recuperação da memória histórico/partidária. Simples assim.


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