O jornal espanhol El País, publicou duas matérias de colunistas conservadores,
vendo um esforço do México em seguir os passos do Brasil na geopolítica
de integração latino-americana, reaproximando-se de Cuba.
O México, que foi o único país latino-americano a nunca romper relações
com Cuba, havia se afastado da Ilha na década de 90, com governos
neoliberais e com o tratado de livre comércio com os Estados Unidos. As
relações diplomáticas azedaram mais ainda durante o governo de Vicente
Fox. Agora, o atual presidente mexicano Peña Nieto anulou 70% da dívida
cubana, no valor de R$ 828 milhões, como gesto de reaproximação.
Diferente da TV Globo, que tem uma visão provinciana de ver a América
Latina com um olhar a partir de Miami, o El País enxerga o que está por
trás do financiamento do BNDES a empresas brasileiras para construir o
porto de Mariel e do cancelamento da dívida com o México:
"... a vontade das duas maiores economias da região de ganhar influência
e aproveitar as oportunidades de negócio que se apresentem na ilha em
um futuro próximo. (...) E a se situar na primeira linha de saída para
aproveitar suas eventuais medidas de liberalização econômica."
o latino-americanista do The Economist, Michael Reid, que vê nas duas
potências “uma crescente ansiedade por se posicionar diante de uma Cuba
pós-castrista, pós-embargo norte-americano e pós-ajuda venezuelana”.
Cuba tem o maior PIB (Produto Interno Bruto) da América Central, medido
em PPC (Poder de paridade de compra). Mais do dobro da Costa Rica com
sua fábrica de microprocessadores da Intel. Muito maior do que o Panamá
com seu canal. O dobro de Porto Rico que é um Estado Livre Associado aos
EUA.
Cuba tem também a maior população da região, e um alto grau de
escolaridade com mão de obra muito qualificada. Passa por reformas
econômicas semelhante às da China, e esse conjunto de fatores aponta
para um futuro promissor. Tolo de quem virar as costas para Cuba, tanto é
que outro ator deseja entrar em cena: a União Europeia.
Esta semana o presidente Lula visitou Havana a convite do presidente
Raul Castro para debater e compartilhar experiências sobre a ampliação
do uso de biomassa na matriz energética cubana, aproveitando a vocação
do país para a produção de cana-de-açúcar. O senador Blairo Maggi
acompanhou Lula, para compartilhar com os cubanos a experiência
brasileira de produção de soja, para melhorar a produtividade do cultivo
na ilha.
(Os Amigos do Presidente Lula)
4 comentários:
PIB? Como o Brasil vai ganhar? Vendendo o quê se Cuba não tem dinheiro para pagar dividas?
Com as empresas brasileiras, mais de 400 operando no porto Mariel, o comércio do Brasil terá muito a ganhar. Não à toa, até o Blairo Maggi está em Cuba. É preciso superar esse complexo de vira-lata de só podermos fazer as coisas sob as bençãos dos EUA. |Não é mais assim, Rússia e China estão chegando em Mariel, vivemos outra realidade.
Agora prrgunto: Será que a China pensa assim? Pois se a economia americana quebrar, a China quebra totalmente, pois é o país com maior ativo em dólar, isso em papel, fora do território Yankee.
Acho difícil a China quebrar junto com os EUA. Atualmente ela está entesourando a maior reserva de ouro do planeta e já tem estoque considerável de minério de ferro pra sustentar sua indústria. Logo, títulos da dívida estadunidense não são a única opção chinesa de investimento.
Como acho que os EUA também não quebra, em razão da força planetária de sua moeda, o máximo que pode ocorrer é a perda da hegemonia mundial, através do surgimento de novos tratados internacionais que compensem essa 'quebra'.
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