Yvone Bezerra de Mello denunciou, em 1993, os bandidos travestidos de policiais autores da famigerada 'Chacina da Calendária', quando oito menores e dois jovens que dormiam na escadaria da igreja forma gratuita e selvagemente fuzilados.
Essa mesma generosa criatura agora "levou pra casa" aquele adolescente que praticava pequenos furtos nas imediações de Copacabana, e por isso foi "justiçado" por celerados que o prenderam com uma trava de bicicleta a um poste. Alheia as sandices da apresentadora/cortesã do reino do califa Abravanel, Yvone certamente agiu não por seguir conselhos dessa desajeitada musa do reacionarismo boçal, mas pelo impulso humanitário que a move há muito tempo e a fez correr até riscos ao denunciar a quadrilha fardada que praticou aquele ato de barbárie explícita.
Vale ressaltar, ainda, que agora quando saiu em socorro daquele pequeno pária recebeu dose semelhante de xingamentos por seu ato humanitário, seguramente vindos dos que comungam da mesma posição truculenta da empregada de Abravanel. Ou seja, fica claro que a sugestão de "levar pra casa" aquele infeliz não passou de frase de efeito delinquente, de quem no fundo imagina que a retórica de quem defende a aplicação republicana tem como termo a indiferença, o que legitimaria o justiçamento defendido escancaradamente por essa tropa direitista como solução para acabar com a violência no Brasil.
O gesto humanitário e admirável de Yvone provavelmente o grande público terá dificuldades em conhece-lo na medida em que a covardia moral dessas scherezades se encarregará de ocultá-lo, pois que assim imaginam fazer triunfar a boçalidade que as move. No entanto, é o tipo de exemplo que floresce da mesma forma que floresceram as várias ações experimentadas neste Brasil tão grande e amado, que permitiram comprovar como viável o combate a miséria. Nada exótico, como diria o poeta, apenas estranho que tenha ficado oculto por tanto tempo quando é tão somente o óbvio.
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