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Agora que o quadro de votações começa a aclarar-se no STF, no julgamento da ação movida pela OAB contra o financiamento das empresas privadas às campanhas eleitorais, é nítido que a posição do ministro/tucano Gilmar Mendes reflete a posição da dupla PSDB/PMDB como os maiores inimigos da reforma política boicotada, bem como aqueles que laboraram contra as propostas da presidenta Dilma Rousseff, logo após as manifestações populares contra a conjuntura vivida pelo país naquele momento.
E Ressalte-se. Os tucanos nem foram os mais atuantes, e sim desempenharam seus papéis como coadjuvantes dos pemedebistas, cujo papel principal foi desempenhado pelos presidentes das duas casa legislativas, não por acaso, quadros do partido do vice-presidente da República Michel Temer. O PSDB apenas praticou oposicionismo tresloucado, avaliando ingenuamente tirar proveito de um improvável racha entre os dois maiores partidos da base governista que dividem o governo. Ainda assim, houve tucanos que preferiram o silêncio a fechar com o que propuseram Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves.
Voltando ao furibundo Mendes, ele disse com todas as letras que a dita proibição favorece o governo, vale dizer, favorece o PT, assim como favorece ao PCdoB, ao PSOL, até ao PSB, na medida em que os partidos dotados de militância popular têm mais facilidade de adaptar-se a novas regras que ainda virão. Nesse sentido, não são só os mais à esquerda que levarão vantagem com o fim da hegemonia pura e simples do poder econômico. Partidos de matiz evangélico, por exemplo, que nunca omitiram depender dos votos de seus fiéis também tornam-se mais competitivos. Derrotados são apenas aqueles que beneficiam-se há décadas daquilo que a ditadura legou ao quadro político nacional, e que sempre lutaram contra qualquer mudança significativa nessa regras agora moribundas.
Apesar da apoplexia gilmariana, o quadro que se afigura é: o PMDB deve perder espaço, correndo o risco de ver seu velho protagonismo reduzido no legislativo, sem que se vislumbre qualquer perspectiva de que compensará essa perda com um eventual ganho no executivo. Pior se afigura o quadro pros tucanos. Sem candidato competitivo, sem a força incomensurável do poderio econômico na eleição, sem unidade partidária e sem lideranças regionais que empolguem o eleitorado caminham celeremente pra 'pefelização', sendo provável que recorra à alternativa de sugerir ao que restar dos aliados que sobrevivam às custas de uma sopa de siglas proveniente das fusões anteriormente ensaiadas e nunca realizadas, fazendo da junção de PSDB, DEM, PPS, PMN, entre outros, um partido que venha a representar uma fração da oposição, com força relativa.
É evidente que esse quadro não significa que a sociedade brasileira inteira passará a personagens de contos de fadas naquela fase em que todos viverão felizes para sempre, no entanto, são grandes as chances de sepultarmos definitivamente os mortos-vivos que nos assombraram com suas mazelas políticas que os fez reinar no século XX , e que teimaram invadir o cenário deste, munidos do seu velho arsenal anti-povo. Então, o desafio do provável próximo governo petista será enfrentar uma oposição nascente, não mais aquela que representava uma sombria volta ao passado. Como será?
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