Jorge Paz Amorim

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Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

EL PAÍS ESTREIA EM PORTUGUÊS COM DILMA E LULA

Edição247-ULY MARTÍN-El Pais / Ricardo Stuckert-Instituto Lula:
247 – Com uma entrevista com a presidente Dilma Rousseff e uma coluna permanente do ex-presidente Lula, o jornal espanhol El País estreou hoje na rede sua edição virtual em língua portuguesa. A chegada promete acentuar ainda mais as diferenças de enfoque nas coberturas de fatos políticos e econômicos existentes entre as mídias nacional e estrangeira – e talvez Dilma tenha sido a primeira a notar a importância do maior cotejamento entre os noticiários.

– Não, não, hoje não irei falar, irei primeiro dizer da importância para o Brasil da chegada do El País pela sua qualidade editorial, pela inserção internacional que vocês têm. Eu acho que é um grande passo para nosso país. Você pode me fazer umas duas ou três perguntas, mas eu não vou dar entrevista hoje.

Foi assim, de maneira divertida, no Palácio do Planalto, que Dilma recebeu o jornalista Javier Moreno, do El País, para o que seria sua entrevista para a edição inaugural em português. Na brincadeira da presidente havia a verdade sobre a qualidade editorial do jornal espanhol e sua importância global. Com efeito, o El País tem uma longa trajetória consolidada de isenção e interpretação das notícias.

Para o jornal, seria um falha editorial abrir suas páginas em português sem ouvir Dilma e dar a palavra, na forma de coluna, a Lula, uma vez que se trata do líder político brasileiro mais conhecido e respeitado no exterior, goste a mídia nacional ou não. Nos próximos momentos do El País, a julgar pela sua tradição de espaço democrático, sem dúvida figuras de ponta da oposição e representantes de todos os setores da sociedade terão espaço em seu noticiário.

Na entrevista, Dilma tratou de assuntos que foram das manifestações populares de junho ao crescimento da economia. A presidente fez uma menção especial à base aliada no Congresso, que elogiou bastante.

- Nunca um governo conseguiu dos parlamentares nesta época do ano, que é quando acontecem os maiores gastos, uma assinatura coletiva para o compromisso de não gastar.

Lula, em sua coluna, cujo título é A vida não tem preço, tratou do acesso ao sistema de saúde pública pela camada mais pobre da população.

"A questão não é mais se existe cura para uma doença — porque, em muitos casos, ela existe — mas de saber se é possível para o paciente pagar a conta do tratamento", registrou o ex-presidente. "Há uma frustrante e desumana contradição entre admiráveis descobertas científicas e o seu uso restritivo e excludente"

Lula citou momentos de sua vida pessoal para acentuar a importância do acesso universal à medicina.

- Em 1970, perdi minha primeira esposa e meu primeiro filho numa cirurgia de parto, devido ao mau atendimento hospitalar. Os anos que se seguiram, de luto e dor, foram dos mais difíceis da minha vida, lembrou.

- Por outro lado, em 2011, já como ex-presidente, enfrentei e superei um câncer graças aos modernos recursos de um hospital de excelência, cobertos pelo meu plano privado de saúde. O tratamento foi longo e doloroso, mas a competência e atenção dos médicos, e o uso dos medicamentos de ponta, me permitiram vencer o tumor.

No desfecho de seu artigo, o ex-presidente sugeriu uma "conferência internacional convocada pela Organização Mundial de Saúde, com urgência, na qual os vários segmentos interessados discutam francamente como compartilhar os custos da pesquisa científica e industrial com o objetivo de reduzir o preço do produto final, colocando-o ao alcance de todos os que necessitam dele".

Em tempo: no final do texto de sua entrevista com Dilma, o jornalista Javier Moreno registrou a seguinte análise:

- Isso não muda minha percepção de que, apesar do invólucro, Dilma Rousseff comanda o Governo do seu país com uma determinação, um conhecimento do detalhe e uma energia que explicam sem dificuldade seu triunfo nas urnas, primeiro, e sua constante popularidade ao longo do tempo, numa era em que as lideranças se esgarçam com facilidade e que os governantes têm cada vez mais dificuldades para renovar seus mandatos e ainda exercer seu poder. Nada disso, porém, parece estar acontecendo no Brasil neste momento.

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