Jorge Paz Amorim

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Belém, Pará, Brazil
Sou Jorge Amorim, Combatente contra a viralatice direitista que assola o país há quinhentos anos.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

O BRASIL É UM CRIME CONTRA O MERCADO

O jornal Financial Times acumula 125 anos de inoxidável convicção nas virtudes dos livres mercados. Foi uma das usinas de emissão seminal da cartilha do neoliberalismo. Continua fiel aos seus alicerces. Mas há uma diferença entre esse centro emissor e suas repetidoras locais. Sem deixar de ser o que é, o FT, através de alguns de seus editores, vem fazendo um streap-tease de dogmas que ordenaram a pauta da economia nas últimas décadas. E redundaram na pior crise sistêmica do capitalismo desde 1929. A demonização da dívida pública é um exemplo. No caso das coligadas nacionais, o apego à pauta velha transmitiria a um leitor de outro planeta a sensação de que 2008 não existiu no calendário mundial. A baixa capacidade reflexiva, compensada por pedestre octanagem ideológica, forma o padrão desse dente vulgarizador de traços híbridos. O Brasil tem um dos jornalismos de economia mais prolíficos do mundo; ao mesmo tempo, um dos menos dotados de discernimento histórico em relação ao seu objeto. Aqui os desafios do desenvolvimento são tratados como crimes contra o mercado. Aliás, o Brasil é um crime contra o mercado. Ampliar o poder de compra da população, gerar empregos, expandir o investimento público alinham-se na pauta dominante entre os ‘ingredientes de crise'. Subir juro é aclamado como solução. Os exemplos se sobrepõem como folhas de um manual suicida. A cantilena diuturna contra o investimento público, obras públicas e bancos públicos enquadra-se nesse adestramento da sociedade contra ela mesma.
(Carta Maior)

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