Sua posse como deputado federal, na
próxima semana, marca uma importante virada na Ação Penal 470 e frustra
os planos do ministro Celso de Mello, que pretendia vê-lo fora do Poder
Legislativo, e do procurador Roberto Gurgel, que tentou encarcerá-lo; o
cenário mais provável é que José Genoino atravesse todo o ano de 2013
como uma das vozes mais relevantes do Parlamento
247 - Ainda não se deu a devida
dimensão para a posse de José Genoino como deputado federal, na próxima
quarta-feira. Condenado a seis anos e 11 meses de prisão, ele se tornará
um dos 89 deputados do PT, que tem a maior bancada da Câmara dos
Deputados. Mas será mais do que apenas um entre 89. Será, talvez, o mais
relevante membro da bancada, sobre quem estarão concentradas todas as
atenções, como personagem símbolo da Ação Penal 470 e do embate entre os
poderes Legislativo e Judiciário.
Sua posse como deputado marcará uma virada importante na
história que vinha sendo escrita sobre o mensalão. Num de seus votos
mais polêmicos, contrariando, inclusive, suas próprias decisões
anteriores, o ministro Celso de Mello determinou a cassação imediata dos
parlamentares condenados pelo Supremo Tribunal Federal, quando o artigo
55 da Constituição Federal determina que o processo compete às casas
legislativas. Marco Maia anunciou que não cumpriria a decisão, mas ela
ficará para o próximo presidente da Câmara dos Deputados – ao que tudo
indica, Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN), mas há nomes que correm por
fora, como Júlio Delgado (PSB/MG) e Arlindo Chinaglia (PT/SP), caso o PT
não cumpra o acordo de rodízio com o PMDB.
De todo modo, qualquer que seja o futuro presidente da
Câmara, ele não conseguirá ser eleito sem antes costurar um acordo e
assumir uma posição clara em relação à cassação dos mandatos – tema que
interessa não apenas a Genoino, mas também a João Paulo Cunha (PT-SP),
Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-PR). Na única declaração
que fez sobre o tema, Henrique Eduardo Alves ficou em cima do muro,
propondo uma espécie de caminho do meio entre as posições de Celso de
Mello e Marco Maia, quando não existe meio – há apenas um lado ou outro.
E ele terá que escolher que posição tomará.
Na aposta do 247, Genoino não será cassado, assim como
também não será preso – e talvez por isso o procurador Roberto Gurgel
tivesse tanta pressa em conseguir sua prisão antes da posse. O mandato
parlamentar, de certa forma, o protege, especialmente se ele, como
deputado, vier a assumir posições de destaque na Câmara, relatando
projetos e ocupando espaços relevantes nas comissões. Genoino foi
condenado pelo STF por formação de quadrilha numa votação apertada
porque, como presidente do PT, assinou empréstimos tomados pelo partido,
no que era sua obrigação estatutária. Ainda cabem embargos infringentes
e há uma possibilidade real de que ele consiga reverter sua condenação à
prisão.
Quando definiram suas penas, ministras como Carmen Lúcia e
Rosa Weber expressaram pesar por sua condenação. A presidente Dilma
Rousseff se negou a assinar sua demissão do Ministério da Defesa.
Naquele momento, Genoino não tinha mandato e estava no limbo da
política. Em 2013, sua posição será completamente distinta.
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