O corporativismo é aliado do conservadorismo

Não deixa de ser inusitado ver categorias de trabalhadores, como os eletricitários, manifestando preocupação com  a queda no faturamento das concessionárias de distribuição de energia elétrica, por conta das medidas governamentais que ajudarão a reduzir o preço da energia elétrica aos consumidores residenciais e industriais, alegando risco de perdas salariais; assim como é revoltante ver corporações patronais fazendo lobby contra a sanção da lei recentemente aprovada no Congresso Nacional, que garante aos empregados domésticos direitos já adquiridos mais remotamente pelos demais trabalhadores.
A energia elétrica, enquanto uma das mais importantes atividades para alavancar nosso desenvolvimento, é tão simbólico quanto tirar a categoria doméstica da situação análoga à escravidão em que se encontrava até um passado não muito distante.
Portanto, não podem ser reféns de corporações hipersensíveis que não imaginam o país diferente daquele que vivenciamos até há pouco, marcado por sucessivas 'décadas perdidas', daí ser necessário rechaçar veementemente a petulância escravocrata dos empregadores, bem como fazer ver aos eletricitários que estão dando palmada no bumbum errado, isto é, suas reivindicações devem ser encaminhadas aos que adquiriram, apreço vil, companhias construidas pelo esforço da população e lhes foram doadas por governantes rapaces e irresponsáveis, que fizeram da permissividade parâmetro administrativo, resultando disso a inconformidade desses beneficiários marotos com os novos tempos, que não veem no lucro a finalidade da prestação desse serviço, mas sua capacidade de atendimento decente da demanda social.