O amigo do banditismo endinheirado

Menos de um mês depois de tirar da cadeia um dos mandantes do assassinato da missionária Dorothy Stang, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, presta outro grande serviço ao banditismo endinheirado decretando a garantia da impunidade do suspeitíssimo comparsa de Carlos 'Cachoeira' e governador do estado de Goiás, Marconi Perillo, desobrigado, pelo ministro Mello, de comparecer, prestar esclarecimentos ou ser indiciado pela CPMI que investiga o funcionamento daquela rede criminosa.
De todas as consequências dessa infame medida liminar emanada da mais alta Corte do país, uma é imediata: desmancha no ar a crença que alguns pascácios vinham alimentando, a partir da pregação velhaca da horda de salafrários político/piguianos, de que o julgamento da Ação Penal Nº470 inaugurava novos tempos na justiça brasileira. Hum, hum, pois sim. Se o referido julgamento algum benefício trouxe foi o de expor ao público o quanto o judiciário brasileiro é parte integrante de um secular sistema patrimonialista, segregacionista e profundamente conservador, daí não pensar duas vezes passar por cima de princípios teóricos básicos da justiça brasileira, como a presunção da inocência, e condenar aqueles para quem a elite econômica apontou o polegar para baixo. Lamentável!