
 A redução das tarifas de energia elétrica, que a presidente Dilma  Rousseff começa a anunciar hoje, ficará em torno de 10% para  consumidores residenciais e de 20% para a indústria. No pronunciamento  em rede nacional que fará hoje, por ocasião do Dia da Independência,  Dilma dará as linhas gerais do pacote. Ficará para terça-feira, em  solenidade no Palácio do Planalto, o detalhamento da retirada de  encargos que incidem nas contas de luz e o anúncio das regras de  prorrogação das concessões que vencem a partir de 2015.
  No setor elétrico, cálculos que circularam nos últimos dias apontavam  queda de 9% a 13%, com o fim da cobrança de três encargos. O Tesouro  Nacional assumirá as despesas com a Conta de Consumo de Combustíveis  (CCC), a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e a Reserva Global de  Reversão (RGR). O cálculo também contempla a redução, pela metade, da  taxa de fiscalização cobrada nas contas de luz de todos os consumidores  para financiar as atividades da Agência Nacional de Energia Elétrica  (Aneel).
  No ano passado, a arrecadação com os três encargos - sem contar a taxa  de fiscalização da Aneel - alcançou R$ 10,8 bilhões. Em uma conta de luz  residencial, o peso desses encargos fica perto de 7%. As indústrias se  beneficiam mais de sua retirada, porque têm uma estrutura de custos  diferente. Gigantes do setor, por exemplo, se conectam diretamente à  rede de transmissão e não pagam nada à distribuidora de energia. Por  isso, o efeito da extinção dos encargos ganha um peso maior na sua conta  final.
  Nas simulações discutidas entre o governo e o setor privado, durante a  elaboração do pacote, a retirada desses encargos pode gerar um alívio  nas tarifas perto de 9% para o nível de tensão A4 (pequenas indústrias) e  de cerca de 13% para o nível de tensão A1 (indústrias  eletrointensivas). A expectativa geral, nas associações empresariais, é  que o desconto supere 20% com a renovação das concessões.
  Para permitir a prorrogação dos contratos, o governo exigirá uma redução  das tarifas cobradas. Permitirá a antecipação das renovações, mediante a  aplicação do desconto já a partir de 2013. Cerca de 20% do parque  gerador instalado no país, 41 distribuidoras e 73 mil quilômetros de  linhas de transmissão têm concessões vencendo em 2015.
  As condições da renovação, mantidas sob sigilo, preocupam as empresas do  setor. Uma das principais dúvidas é quanto ao cálculo para definir o  volume de investimentos já amortizados. Isso é essencial na equação  final do desconto para consumidores residenciais e indústrias. Quanto  meno investimento passado as concessionárias tiverem para amortizar,  maior poderá ser a exigência do governo, em termos de redução das  tarifas praticadas.
  No pronunciamento à nação, a presidente Dilma falará da redução das  tarifas de energia no contexto das medidas que o governo vem adotando  para estimular a economia, que cresceu apenas 0,6% no primeiro semestre  do ano. Ela abordará as novas iniciativas e também as já adotadas, como  as concessões ao setor privado nos setores de rodovias e ferrovias.
  A presidente deixará claro, no pronunciamento, que, para continuar sendo  socialmente justo, o país precisa ter uma economia mais competitiva. É a  única forma de aumentar, na avaliação da equipe econômica, a capacidade  de expansão do PIB, sem provocar descontrole inflacionário.
  O governo acredita que o novo modelo de concessão de usinas  hidrelétricas, aliado à redução das taxas de juros, criará condições  para uma consolidação do setor elétrico. A redução dos juros, diz uma  fonte, estimulará investidores institucionais, como os fundos de pensão,  a investir no setor produtivo, em vez de em títulos públicos.
  Em tom otimista, a presidente Dilma também falará sobre a redução da  taxa básica de juros (Selic) promovida pelo Banco Central (BC) e sobre a  diminuição dos spreads bancários. No próximo dia 19, ela pretende  anunciar um pacote de medidas para estimular investimentos privados nos  setores de portos e aeroportos.
(Valor Econômico)
(Valor Econômico)

 
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