A truculência da FAEPA

Não vale a pena comentar em detalhes a nota paga que a FAEPA faz publicar há dois dias nos jornais locais. Trata-se de peça mentirosa, truculenta e esquiva na medida em que parte para a criminalização do MST, legítimo proprietário parte da área onde ocorreu o atentado praticado pelos pistoleiros de Daniel Dantas. O resto é puro clamor teratológico de quem acha que um estado democrático de direito comporta a existência da grilagem como forma de ocupação da terra, do trabalho escravo como prática corriqueira na relação entre capital e trabalho, assim como a destruição da floresta significando sinônimo de desenvolvimento econômico.
Trata-se apenas de dizer que não passa de cinismo essa amnésia seletiva, que induz à indignação encenada, para quem a morte de quase duas dezenas de trabalhadores na curva do S, em Eldorado do Carajás, a morte do ex-deputado João Batista, do ex-deputado Paulo Fontelles, da irmã Dorothy Stang e dezenas de lideranças de trabalhadores rurais nada significa, pois, o sonho medieval da FAEPA nada tem de democrático ou civilizado. E o Supremo Tribunal Federal não pode ser envolvido nessa torpeza.